quinta-feira, janeiro 04, 2007

Eragon

(Eragon, EUA, 2006)



“É melhor pedir perdão que permissão.”
(máxima filosófica de Lorde Brom, ou melhor, Jeremy Irons em Eragon)

Depois de um breve interlúdio sem muita vontade de escrevinhar e um tanto deprimido por toda essa alegria “contagiante” de final de ano e seus efeitos, algo compensado em parte pelo uso indevido do MasterCard (“não tem preço”), Lorde David retorna para tecer algumas platitudes sobre a fantasia Eragon, de forma a manter este pouco lido espaço funcionando.

Tudo de ruim já foi dito sobre o filme. Eu sei, é derivativo demais de Star Wars a Senhor dos Anéis (que já era uma derivação da mitologia dos nibelungos) e Harry Potter, o galã é fraco, as batalhas não empolgam, etc. Nunca me entusiasmei muito com Harry Potter ou Anéis. Nem por este oportunista Eragon, baseado no romance do adolescente Christopher Paolini. Ainda assim, deixe-me então falar um pouquinho das coisas que funcionam neste filme, vai.

First things first, os efeitos, por exemplo, são bons e bem utilizados. Nada daquela bagunça em CGI muito evidente em produções atuais do gênero. A heroína, Sienna Guillory, é gostosinha e o dragão quando nasce é bonitinho, até. Quando adulto, vira a voz da sabedoria, ou melhor, de Rachel Weisz, e se torna o melhor personagem em cena. Para compensar o protagonista inexpressivo , temos ainda Jeremy Irons, grande ator, relegado ultimamente a papéis secundários pouco notados, aparecendo aqui com mais expressividade e humor como Brom, o mentor de Eragon, para quem dá conselhos como o da máxima acima, ensinamento que dito num belo sotaque britânico soa profundo o suficiente para que Lorde David leve-o também em consideração e com a maior seriedade daqui para frente em sua vida. E a saga, concentrada em pouco mais de uma hora e meia do camponês Eragon, o primeiro “cavaleiro” destinado a montar dragões e que se vê envolvido na luta contra o rei Galbatorix (John Malkovich, no piloto automático), tirano que controla a Terra Média do filme, Algaësia, ganha até momentos de western, no registro das paisagens.

Interessante que, na história, de mitologia menos complexa, o dragão só nasce para seu cavaleiro. E se o cavaleiro morre, morre também o dragão. Uma lealdade incondicional, que poderia ganhar contornos poéticos se fosse mais explorada no filme, que corre rápido até a batalha final sem novidades, prevendo continuação que não deve haver. Se tivesse uma direção mais firme que a do estreante Stefen Fangmeier, um sub-Ron Howard da Industrial Light and Magic, e o roteiro descolasse um pouco de suas matrizes originais, o filme poderia até ter a personalidade de um futuro candidato a guilty pleasure vespertino, como o legalzinho Willow – Na Terra da Magia, de Ron Howard (1988), ou o belo A Lenda, de Ridley Scott (1985). Pode ser uma decepção para quem gosta do livro, um best-seller. Como não o li, e do jeito que está, é mediano e deixa-se ver e esquecer neste começo de ano em que ninguém parece mesmo interessado em complicações de qualquer ordem.

1 comentário:

Anónimo disse...

David,

Vc escreve muito bem, acho vc um comentarista muito melhor que muitos críticos de cinema. Porque vc não vira um deles? Vc tem talento!!!!!!!!