(Saam Gaang, Coréia do Sul/Tailândia/Hong Kong, 2002)
Três diretores. Três histórias de terror. Terror oriental, com pias, elevadores e vultos de mulher cabeluda na primeira estória (“Memories”, da Coréia), bonecos amaldiçoados típicos do teatro tailandês e que causam mortes e incêndios, na segunda (“The Wheel”), e uma obsessão amorosa, beirando a necrofilia na última (“Going Home”). De todas, a terceira, de Peter Ho-Sun Chan, também produtor, é de longe a melhor, narrando a crença do protagonista (Eric Tsang) de que sua falecida mulher (Eugenia Yuan) irá reviver algum dia, após o uso intensivo de ervas da medicina chinesa. Para isso, ele mantém seu corpo inerte conservado em um apartamento de Hong Kong, agindo como se ela ainda estivesse viva, num prelúdio mais mórbido de Fale com Ela (2002). Desconfiado, um vizinho (Leon Lai), à procura de seu filho, descobre o segredo e, todo amarrado, observa impotente a mórbida rotina do marido e todo o ritual para manter íntegro o corpo dela até a ressurreição.
Essa obsessão ganha ares trágicos, comoventes, auxiliada pela ótima utilização de ária da ópera Carmen, pela fotografia quase monocromática de Christopher Doyle, sem falar da fina direção de Peter Ho-Sun Chan, que impregna a história de intensa e assustadora melancolia. No fundo uma história de amor em que o amor é mesmo prelúdio para a morte. Não se vive sem ele e morre-se ou deixa-se morrer por ele.
Mais tarde, este projeto seria retomado por Peter Ho-Sun Chan em Three... Extremes (2004), reunindo outra trinca de diretores consagrados: Fruit Chan (Hollywood Hong Kong), Park Chan-Wook (Oldboy) e o venerável Takashi Miike (Audition).
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