(Eragon, EUA, 2006)
“É melhor pedir perdão que permissão.”
(máxima filosófica de Lorde Brom, ou melhor, Jeremy Irons em Eragon)
Depois de um breve interlúdio sem muita vontade de escrevinhar e um tanto deprimido por toda essa alegria “contagiante” de final de ano e seus efeitos, algo compensado em parte pelo uso indevido do MasterCard (“não tem preço”), Lorde David retorna para tecer algumas platitudes sobre a fantasia Eragon, de forma a manter este pouco lido espaço funcionando.
Tudo de ruim já foi dito sobre o filme. Eu sei, é derivativo demais de Star Wars a Senhor dos Anéis (que já era uma derivação da mitologia dos nibelungos) e Harry Potter, o galã é fraco, as batalhas não empolgam, etc. Nunca me entusiasmei muito com Harry Potter ou Anéis. Nem por este oportunista Eragon, baseado no romance do adolescente Christopher Paolini. Ainda assim, deixe-me então falar um pouquinho das coisas que funcionam neste filme, vai.
First things first, os efeitos, por exemplo, são bons e bem utilizados. Nada daquela bagunça em CGI muito evidente em produções atuais do gênero. A heroína, Sienna Guillory, é gostosinha e o dragão quando nasce é bonitinho, até. Quando adulto, vira a voz da sabedoria, ou melhor, de Rachel Weisz, e se torna o melhor personagem em cena. Para compensar o protagonista inexpressivo , temos ainda Jeremy Irons, grande ator, relegado ultimamente a papéis secundários pouco notados, aparecendo aqui com mais expressividade e humor como Brom, o mentor de Eragon, para quem dá conselhos como o da máxima acima, ensinamento que dito num belo sotaque britânico soa profundo o suficiente para que Lorde David leve-o também em consideração e com a maior seriedade daqui para frente em sua vida. E a saga, concentrada em pouco mais de uma hora e meia do camponês Eragon, o primeiro “cavaleiro” destinado a montar dragões e que se vê envolvido na luta contra o rei Galbatorix (John Malkovich, no piloto automático), tirano que controla a Terra Média do filme, Algaësia, ganha até momentos de western, no registro das paisagens.
Interessante que, na história, de mitologia menos complexa, o dragão só nasce para seu cavaleiro. E se o cavaleiro morre, morre também o dragão. Uma lealdade incondicional, que poderia ganhar contornos poéticos se fosse mais explorada no filme, que corre rápido até a batalha final sem novidades, prevendo continuação que não deve haver. Se tivesse uma direção mais firme que a do estreante Stefen Fangmeier, um sub-Ron Howard da Industrial Light and Magic, e o roteiro descolasse um pouco de suas matrizes originais, o filme poderia até ter a personalidade de um futuro candidato a guilty pleasure vespertino, como o legalzinho Willow – Na Terra da Magia, de Ron Howard (1988), ou o belo A Lenda, de Ridley Scott (1985). Pode ser uma decepção para quem gosta do livro, um best-seller. Como não o li, e do jeito que está, é mediano e deixa-se ver e esquecer neste começo de ano em que ninguém parece mesmo interessado em complicações de qualquer ordem.
1 comentário:
David,
Vc escreve muito bem, acho vc um comentarista muito melhor que muitos críticos de cinema. Porque vc não vira um deles? Vc tem talento!!!!!!!!
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