quinta-feira, outubro 09, 2008

Ensaio sobre a Cegueira

(Blindness, Brasil/Canadá/Japão, 2008)



A fotografia esbranquiçada, estourada e cheia de filtros e truques de César Charlone – a representação visual e "publicitária" da tal “cegueira branca” da trama, que sem maiores explicações atinge a população de uma cidade indeterminada, obrigando-a manter-se confinada em um hospital militarmente vigiado, sob péssimas condições de higiene e reduzida à barbárie – é como um bukaki constante nos olhos do espectador. Ou seja, mais atrapalha do que faz pensar nesta fraca, embora fiel adaptação do alegórico romance do super-aclamado (e superestimado) José Saramago. Salvam-se as locações em São Paulo como terra arrasada, à maneira da Londres de Extermínio, e, vá lá, Julianne Moore – a única a enxergar alguma coisa, ao contrário do elenco internacional e, principalmente, do espectador.

Linha de Passe

(Brasil, 2008)



Um sub Rocco e Seus Irmãos – de subdesenvolvido mesmo. Para Daniela Thomas e, principalmente, para “Waltinho” Salles e seu cinema acetinado e todo “artístico” de riquinho xarope com consciência social (e renúncia fiscal), típico da era Lula, pobre só tem vez mesmo como empregada doméstica – obviamente mãe solteira da periferia paulistana, corintiana, de nome "Cleuza" e grávida pela enésima vez, para piorar ainda mais as coisas – motoboy, jogador de futebol, crente, motorista de busão ou então simplesmente como bandido. Lamentável – apesar do ótimo Kaique Jesus Santos (foto).