quarta-feira, janeiro 31, 2007

Dreamgirls - Em Busca de um Sonho

(Dreamgirls, EUA, 2006)



Primeiro o encantamento, depois a desilusão. Assim, tradicionalmente, segue a trajetória do trio de “garotas do sonho”, de operárias e candidatas desconhecidas de concursos de novos talentos dos bairros negros da Detroit dos anos 60 até o sucesso nas paradas, primeiro como backing vocals do egocêntrico soulman James “Thunder” Early (Eddie Murphy, em interpretação atípica), depois como The Dreams, alçadas ao estrelato pelo ambicioso empresário Curtis Taylor Jr. (Jamie Foxx), que, de concessão, exigências e puxadas de tapete, vai se revelando o canalha de sempre dessas histórias. Uma das garotas, Effie (Jennifer Hudson), a então líder e alma do grupo, após turbulento affair com o pragmático Curtis, deixa o trio e mergulha na miséria. Outra, a menos talentosa e mais sensual Deena (Beyoncé Knowles), vira a estrela e casa-se com Curtis, que assume o controle de sua vida. É o preço da fama, em que uns são usados e depois passados para trás, e bem à maneira de Curtis que, com muito dinheiro e influência, detém as chaves do reino do sucesso e não se importa de usar os mesmos métodos dos brancos na apropriação de talentos e músicas de outros, inclusive de amigos.

Essa trajetória de altos e baixos segue, no entanto, acelerada, em ritmo de soul music e R&B, neste excelente musical de Bill Condon, adaptando o homônimo da Broadway, que por sua vez era inspirado na história real do grupo Supremes, com um elenco irreprochável, como a estreante Jennifer Hudson, que, dissidente do grupo durante a ascensão, ofusca o brilho de Jamie Foxx e da esplendorosa Beyoncé Knowles. Na montagem dinâmica que Condon (Deuses e Monstros, Kinsey) empresta ao filme, intensificando as elipses e a constante movimentação da câmera nos momentos mais feéricos, os fatos políticos que agitaram a América dos anos 60 e 70, como segregação racial, Martin Luther King, John Kennedy, a Guerra do Vietnã e os distúrbios raciais em Detroit são também habilmente entrecruzados com o estrelato das garotas, o que dá á película certo estofo e profundidade que, garantem alguns, não havia no palco.

Muitas (boas) canções, afinal é um musical, em que as partes mais dramáticas também pedem o canto, o que vai desagradar muita gente. Mas a vibrante performance de Hudson e também de todo o elenco, especialmente Murphy, e a direção criativa de Condon vão um pouco além do caminho comum de muitos melodramas de “meninas-do-interior-que-querem-conquistar-o-mundo-pelo-showbizz-e-quebram-a-cara-mas-que-mantêm-a-dignidade-no-fim-das-contas” e fazem do filme um hit. No final da sessão, champanhe e outras elegâncias servidas aos que compareceram à pré-estréia no Cinemark Iguatemi. Infelizmente, sem a presença de Beyoncé Knowles.

5 comentários:

Michel Simões disse...

Tava com vontade de ver o filme, agora mais ainda David hehe

Alê Marucci disse...

Não gostei do trailer, mas com tantas indicações ao Oscar e esse seu comentário, vou conferir.
Beijo.

Lorde David disse...

Eu até assistiria de novo, Alê, desde que na companhia da Beyoncé. Como isso é improvável, acho que não verei de novo, não. Um beijo.

Unknown disse...

Querido David,

Você sabia que o filme acaba retratando em entrelinhas o próprio trajeto rumo ao estrelato de nossa querida Beyoncé? Garota pobre com um grupo (Destinys Child) e quem se destaca mais é ela mesma?
Adoro a voz dela. É muito talentosa.

Anónimo disse...

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