(The Holiday, EUA, 2006)
Inverossímil, intragável. Direção frouxa, frouxa de Nancy Meyers, que se detém demais em seu script, filmando-o página por página, sem maior inspiração. O elenco é o maior destaque, mas não dá para engolir esta perfeição toda do personagem de Jude Law, por exemplo: viúvo, acento britânico, homem das letras (poesia, by Jove!), galã, pai de duas filhas lindas, que às vezes chora e que chega de repente batendo na porta da produtora de trailers Cameron Diaz, ela americana, solitária, recém-separada, carente, num lugar um tanto ermo no interior da Inglaterra. Ou nem tanto, afinal só está a quarenta minutos de Londres e não dá para ir muito longe numa ilha como a Inglaterra, não é mesmo? Mas, divago. Na estorinha, Cameron troca de casa com a inglesa Kate Winslet, outra alma de coração partido (para variar!) que vai para Los Angeles, onde conhece o também ultra-simpático Jack Black, músico sensível que já entra em cena ouvindo a estrategicamente colocada música do prestigioso Cinema Paradiso, e um roteirista veterano inspirado em Billy Wilder, o melhor personagem em cena, interpretado por Eli Wallach, e que cita o tempo todo cenas e passagens de filmes como Jejum de Amor e A Oitava Esposa do Barba Azul. Tenta-se a partir daí estabelecer um paralelo entre as comédias românticas antigas e a atual. A diferença é que nas antigas, como em Jejum ou Núpcias de Escândalo, o casal perfeito do final se odiava desde o primeiro instante e, até unirem as escovas de dente, guerreavam-se sem trégua. Aqui, nada feito. Tudo é certinho demais, bonitinho demais, arranjado demais, caminhando para um final sem surpresas e, por isso, a química entre os novos casais acaba não convencendo.
Prefira o antigo Holiday (1938), de George Cukor, recém-lançado como O Boêmio Encantador, que felizmente nada tem a ver com este The Holiday e trazia o autêntico Cary Grant, o que veio de Bristol, não o de Surrey mencionado erroneamente no filme de Meyers.
2 comentários:
David, vc foi bem cruel com o filme da Nancy Meyers, hein..heheh
Não, Ailton. Cruel foi assisti-lo, antecipando cada fala, cada movimento dos personagens e não vendo a hora de acabar. Ê filme de mulherzinha submissa.
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