(Azur et Asmar, França/Bélgica/Espanha/Itália, 2006)
Fábula de Michel Ocelot (Kiriku e a Feiticeira, Príncipes e Princesas) sobre uma fada lendária aprisionada que, ao ser resgatada por um príncipe, o concederá como recompensa a sua mão em matrimônio, o que leva Azur, europeu branco, loiro e de olhos azuis, e Asmar, sarraceno trigueiro, de cabelos e olhos escuros, a partir como rivais na mesma jornada e se confrontarem. Embora tivessem sido criados quase como irmãos por Jenane, ama-de-leite de Azur e mãe de Asmar, a intransigência do pai de Azur um dia os separará, ao expulsar injustamente a babá de casa, motivo de grande ódio para Asmar. Adulto, Azur partirá para o mundo de Asmar, do outro lado do mar, em busca da fada perdida, numa viagem que será também de reencontro, reconquista de afetos e de novas amizades, além da aventura proporcionada, um espetáculo à parte de imagens e sons, perfeitamente integrados.
Mais lenta que as animações habituais americanas, como se nota logo na primeira e graciosa seqüência, e de impressionante simetria nos cenários, que cintilam e enchem a tela (e os olhos) de cores e padrões geométricos cuja inspiração vem diretamente da arquitetura mourisca fundida com a tapeçaria européia medieval, especialmente quando Azur chega à terra dos sarracenos, além das ótimas caracterizações, é uma fábula também sobre tolerância e alteridade, sintonizando dramas do passado com inquietações atuais, num mundo imaginário que só pode existir mesmo como conto de fadas, atemporal, longe das eternas assimetrias e conflitos de nossa era.
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