(Northwest Passage, EUA, 1940)
Uma aventura colonial às antigas. Ou seja, que narra em vivas cores de Technicolor uma missão cujo objetivo é arrasar uma tribo indígena hostil, a dos Abenakis, e assim abrir rota para os colonizadores britânicos seguirem até o Pacífico e Oriente, pela mítica passagem noroeste, em um território da América colonial dividido entre índios e franceses, os maus, e ingleses e americanos, os bons. Ou seja, um horror aos olhos moderninhos dos multiculturalistas e politicamente corretos de hoje. Especialmente o momento do massacre, filmado com notável realismo para a época e atenção aos detalhes por King Vidor (que aqui co-dirige o filme com Jack Conway). Na história, baseada em livro de Kenneth Roberts, o encarregado da tarefa é o major Robert Rogers (Spencer Tracy), líder de um exército de bandeirantes especialista em missões adentrando territórios inexplorados. A eles, se junta Robert Young como o jovem idealista Langdon Towne que, expulso de Harvard por aptidões demasiadamente artísticas para tão sisuda instituição, impedido de casar-se com sua amada (Ruth Hussey), também por causa de aptidões artísticas (ou falta de dinheiro, mesmo), e encrencado com as autoridades de sua cidade, foge com um antigo conhecido (Walter Brennan) e, no caminho para Albany, trombam com o exército do rigoroso Rogers. Partem para o noroeste e Langdon torna-se então o cartógrafo da tropa, ainda que contra a sua vontade, pois preferia pintar índios e não matá-los.
Dura jornada, mas cheia de aventura em regiões pantanosas, com inimigos sempre à espreita, emboscadas, escassez de comida, traição entre colegas e outras adversidades que vão tornando a tropa um amontoado de esfarrapados. Há uma grande cena em que empurram os barcos montanha acima, pela terra, muito antes de Fitzcarraldo, e outra memorável em que atravessam a nado um rio cheio de corredeiras. Para cumprir essas tarefas, contam com a ajuda do sempre motivador major Rogers, que parece ter o dom da retórica de um pastor missionário e de tal ímpeto que de fato empurra os homens (ou ovelhas) pelos vales, que resistem dias sem comer, e faz feridos e mutilados caminharem longas distâncias. Não à toa, Moisés e uma passagem bíblica são mencionados em seu discurso improvisado, que torna até convincente, graças à eloqüência espetacular de Tracy, o milagre que acontece no final.
Milagre, pregação, senso de aventura, interior da América profunda e sua formação, enfim território muito conhecido para o diretor texano do clássico Hallelujah! (1929) e do sensual Duelo Ao Sol (1946).
1 comentário:
Um filme fantastico. Uma aventura sem precedentes e sem, ou com muitoi poucas tomadas de estudio.
tracy está perfeito assim como todo o elenco de apoio, nesta aventura sobre desbravadores do Oeste Norte Ameicano.
Recomendo e até aconselho a te-lo em casa, como eu.
Se alguém desejar uma cópia, pode fazer contato, enviando end.completo.
Jurandir Lima
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