segunda-feira, outubro 01, 2007

Nação Fast Food

(Fast Food Nation, EUA/Reino Unido, 2006)



Meio chato este filme de Richard Linklater, que, num estilo semi-documental e por meio de várias histórias paralelas, acompanha o processamento da carne para uma cadeia de fast food, mostrando desde o desenvolvimento de um produto, como o hambúrguer “Grandão” (“The Big One”) ao abate do boi, o processamento e embalagem da carne e, paralelo a isso, o marketing agressivo para comercializá-lo em assépticas reuniões de executivos da fictícia cadeia de fast food Mickey’s. Esse processo envolve desde o criador de gado até imigrantes ilegais que trabalham no matadouro, empresários, supervisores, balconistas, chapeiros que cospem no sanduíche, etc., pequenas peças de uma máquina cujo único objetivo, como em toda grande corporação, é o maior lucro possível. A trama, baseada em livro-reportagem de Eric Schlosser (também co-roteirista), começa quando o presidente da companhia destaca Don Anderson (Greg Kinnear), um diretor de marketing de sucesso, para investigar por que os hambúrgueres congelados da empresa apresentam uma grande quantidade de coliformes fecais em sua composição. Ou seja, “bosta”. Ele parte então para Cody, no Colorado, onde toda a carne do "Grandão" é abatida, processada e embalada. Antes, Linklater acompanha a dura travessia dos imigrantes mexicanos pela fronteira até o emprego no matadouro, onde as mulheres, principalmente, são exploradas pelo supervisor mulherengo, história que ocupa tempo demais na tela e nem é tão interessante assim. E, à medida que vai chegando perto do fim, o filme vai ficando mais sujo, mais direto, menos discursivo. Mas a verborragia bem ao estilo de Linklater, pontuada por cenas da carne sendo cortada, e que fazia a graça de filmes como Antes do Pôr-do-Sol, Jovens, Loucos e Rebeldes, O Homem Duplicado, etc., torna-se aqui uma série de discursos chomskianos, juvenis, repetitivos e monótonos contra as corporações e (pela milionésima vez) contra Bush, na boca de personagens que são mais tipos que seres humanos de fato, como o de Bruce Willis, que faz o suspeito intermediador de carnes e que tem o melhor dos discursos, e o líder dos jovens engajados que tentam fazer alguma coisa contra os abatedouros, mas acabam atolados no meio das vacas. Mesmo a cena (real) no final do boi sendo abatido, estripado e esfolado não choca tanto se comparada com as condições de certos abatedouros daqui do interior do Brasil, onde em muitos lugares os bois ainda são mortos a golpes imprecisos de marreta e o sangue fica dias espalhado no chão, juntando moscas e produzindo um odor insuportável. Assim, do jeito que Linklater os mostra, os abatedouros do Colorado mais se parecem com o consultório clínico do Dr. House em sua assepsia. Sem o mesmo humor ou sarcasmo, no entanto, que definitivamente faria toda a diferença para este filme atingir o alvo, à maneira do bem-humorado Super Size Me – A Dieta de um Palhaço (2004), de Morgan Spurlock, que, com meios mais modestos, enunciava crítica semelhante e era bem mais eficaz em sua simplicidade. E não tinha Avril Lavrigne no elenco!



"Amo muito tudo isso".

3 comentários:

Michel Simões disse...

Não me empolgou tb!

Lorde David disse...

Assistiu com a Alê, Michel, como sempre? Se sim, que que ela achou da cena final no abatedouro? Eu sempre digo que o melhor método para se abater o boi é o Kasher. Bem menos cruel e ainda se Deus ou Ha-Shem quisesse que fósssemos todos vegetarianos, não teria feito o boi de carne. Teria-o feito de soja. E como Ha-Shem é um cara muito danadinho, teria-o feito ainda com soja transgênica, hahahaha.

Anónimo disse...

Eu gostei. bem mais q esperado. Principalmente a parte mexicana.