(Adama Meshuga'at/Sweet Mud, Israel/Alemanha/Japão, 2006)
Neste exuberante e árido deserto, pessoas não tão exuberantes num kibutz israelense dos anos 70, regido pelos supostamente justos ideais socialistas, onde a coletividade dessa comunidade agrícola vem sempre em primeiro lugar e as crianças são acostumadas a crescer separadas dos pais, na história de Dvir (Tomer Steinhof), que, às vésperas de seu Bar Mitzvah, sua iniciação à vida adulta, e órfão de pai, que se suicidou, preocupa-se ao ver a mãe, Miri (Ronit Yudkevitz), cada vez mais infeliz e indo para o mesmo caminho. A comunidade aceita então que seu namorado, um velho campeão de judô suíço e que não é judeu, venha passar um tempo com ela, a fim de aliviar um pouco o sofrimento. No entanto, isso acaba trazendo novos conflitos com a comuna, neste drama seco e realista do diretor Dror Shaul, que passou por uma experiência semelhante num kibutz e que, pontuando a trilha com a Patética de Beethoven e apoiado ainda na atuação justa de Tomer Steinhof, obrigado a carregar sozinho todo o fardo deixado pelos pais e pelos outros colonos, denuncia sem sentimentalizar essa tal de justiça socialista, que na verdade termina por trazer novas injustiças, sacrificando o indivíduo em nome de um suposto ideal de igualdade, inatingível como é mostrado logo na primeira cena, mas persistente na cabeça dos mais ortodoxos e presente até nas “tchurminhas” e “panelinhas” do nosso dia-a-dia. Interessante, no mínimo.
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