quarta-feira, outubro 17, 2007

Selon Charlie

(França, 2006)



Seis tristes ou patéticos personagens masculinos têm suas vidas interligadas durante três dias numa pequena cidade no litoral da Gália, neste polifônico drama dirigido com sobriedade e distanciamento pela atriz Nicole Garcia (do bressoniano O Adversário, 2002). Um filho, Charlie (Ferdinand Martin) , que sabe que o pai (Vincent Lindon) anda traindo a mãe e que, incomodado com o fato de ter que inventar desculpas o tempo todo para a mãe a pedido do pai, passa a ir mal na escola; um professor primário de Ciências (Benoît Magimel) que há anos surtara numa expedição na Patagônia e que agora ensina Charlie na escola local e cuja mulher finlandesa (Minna Haapkyla) o anda traindo com o pai do garoto, colega dela de trabalho na piscina da escola. Nesses dias turbulentos, o professor ainda se reencontra com um importante cientista, seu mentor na faculdade e líder do grupo na Patagônia, que está na cidade para uma conferência (e também para convidá-lo para uma outra expedição), onde será homenageado pelo prefeito (Jean-Pierre Bacri), que, para complicar, tem um caso extra-conjugal com uma mulher mais nova (Sophie Cattani); um ex-condenado (Benoît Pooleverde), o mais patético de todos, desastrosamente retornando para uma vida de crimes; e um jovem e famoso tenista (Arnaud Valois) que tem que voltar ao treinamento, mas anda em crise após ter fracassado num torneio. Personagens demais, sem a devida costura, alguns dramas mal-resolvidos, como o do tenista, num filme que, no entanto, evita as obviedades de outro filme coral mais célebre, o "amado" Crash (2005), graças ao tom intimista, ao bom elenco e ao andamento críptico que Garcia impõe desde o início, omitindo informações ou detalhes, que só serão revelados mais adiante, sempre em fragmentos distanciados, e nunca banalizando os dramas e existências de cada um dos indivíduos retratados.

Sem comentários: