(França, 2006)
Seis tristes ou patéticos personagens masculinos têm suas vidas interligadas durante três dias numa pequena cidade no litoral da Gália, neste polifônico drama dirigido com sobriedade e distanciamento pela atriz Nicole Garcia (do bressoniano O Adversário, 2002). Um filho, Charlie (Ferdinand Martin) , que sabe que o pai (Vincent Lindon) anda traindo a mãe e que, incomodado com o fato de ter que inventar desculpas o tempo todo para a mãe a pedido do pai, passa a ir mal na escola; um professor primário de Ciências (Benoît Magimel) que há anos surtara numa expedição na Patagônia e que agora ensina Charlie na escola local e cuja mulher finlandesa (Minna Haapkyla) o anda traindo com o pai do garoto, colega dela de trabalho na piscina da escola. Nesses dias turbulentos, o professor ainda se reencontra com um importante cientista, seu mentor na faculdade e líder do grupo na Patagônia, que está na cidade para uma conferência (e também para convidá-lo para uma outra expedição), onde será homenageado pelo prefeito (Jean-Pierre Bacri), que, para complicar, tem um caso extra-conjugal com uma mulher mais nova (Sophie Cattani); um ex-condenado (Benoît Pooleverde), o mais patético de todos, desastrosamente retornando para uma vida de crimes; e um jovem e famoso tenista (Arnaud Valois) que tem que voltar ao treinamento, mas anda em crise após ter fracassado num torneio. Personagens demais, sem a devida costura, alguns dramas mal-resolvidos, como o do tenista, num filme que, no entanto, evita as obviedades de outro filme coral mais célebre, o "amado" Crash (2005), graças ao tom intimista, ao bom elenco e ao andamento críptico que Garcia impõe desde o início, omitindo informações ou detalhes, que só serão revelados mais adiante, sempre em fragmentos distanciados, e nunca banalizando os dramas e existências de cada um dos indivíduos retratados.
Sem comentários:
Enviar um comentário