(Metal - A Headbanger's Journey, Canadá, 2005)
Um documentário que traça as origens do heavy metal e tenta entender o seu impacto como fenômeno cultural duradouro, para além de seu lado alternativo, tribal e marginalizado dos cabeludos apreciadores e batedores de cabeça, já que um de seus diretores, Sam Dunn, que narra o filme, além de fã incondicional do gênero, é antropólogo de formação. E também se interessa em saber por que esse fenômeno é tão malvisto e estereotipado por muita gente. Por meio de entrevistas com grandes expoentes do passado e do presente, além de uma visita ao festival anual de Wacken, na Alemanha, o Woodstock do heavy metal, esboça a genealogia de um gênero musical que se divide em uma infinidade de subgêneros (Hardcore, Trash Metal, Nu Metal, etc.), sua óbvia relação com os blues e com a música erudita, especialmente com a música medieval profana e com Mahler e Wagner, e que é sempre associado a barulheira, perversões, satanismo, culto do mal, causa de suicídios, etc., provocando polêmica, tentativas de censura, prisão e até o banimento de bandas de países como a Inglaterra. Essencialmente um gênero musical em cujas barulhentas apresentações retoma-se muito do teatro grand guignol do século XVIII, com cabeças cortadas, mutilações, sangue, canções que versam sobre bestialidade, culto ao demônio, violência sexual e outras coisinhas mais "light". Tudo encenação, às vezes com um toque bem feminino, como bem demonstram o “mulherzinha” Dee Snider, do Twisted Sisters, Bruce Dickinson, frontman do seminal Iron Maiden, e o lendário Alice Cooper, verdadeiros ícones e gentlemen (Cooper até cita Macbeth para fundamentar o seu ponto de vista sobre a sanguinolência de seus shows, by Jove!), Joseph Dio, cara muito gente fina, e os mascarados membros da banda Slipknot, da minha querida e provinciana Iowa (Ai-Oh-Ei), entre outros. Exceto na puritana e aparentemente tranqüila Noruega, pátria dos vikings pagãos e onde os fãs cabeludos da terra natal do black metal, vertente mais sombria do metal, chegam a levar ao pé da letra o culto ao diabo exposto nas provocativas e nada metafóricas letras de bandas como a muito excêntrica Gorgoroth, sendo que alguns metaleiros mais exaltados até participaram de uma onda de ataques a igrejas no país nos anos 90. Bem amarrado, ora divertido, ora informativo, sem ser chato ou superficial, um filme que deve agradar aos iniciados fãs do Slayer e do Black Sabbath e, sobretudo, aos neófitos. Yeah!
2 comentários:
concordamos até na foto utilizada pro texto hein?
Pelo jeito, sim, André. Um abraço e yeah!
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