terça-feira, julho 03, 2007

O Balconista 2

(Clerks 2, EUA, 2006)



Dante (Brian O’Halloran) e o seu amigo mala Randal (Jeff Anderson), com 30 anos nas costas, os balconistas mais losers de Nova Jérsei, estão de volta, depois de 12 anos e de uma trilogia de O Senhor dos Anéis e de uma nova-velha trilogia de Star Wars. Mas parece que o tempo não passou para eles, apesar de o filme ganhar cores mais atuais. E a “atração” mútua entre eles continua a mesma. Agora trabalhando numa lanchonete fast-food, após o incêndio que, por culpa de Randal, destruiu a loja de conveniência do filme original, Dante está para se casar e se mudar para a Flórida com a rica noiva loira, provavelmente uma ex-cheerleader, dando finalmente um rumo a sua vida. Seu desbocado, tarado, provinciano, homofóbico e racista amigo pretende então organizar uma despedida de solteiro daquelas em seu último dia de trabalho, enquanto passa o tempo aporrinhando o nerd cristão Elias (Trevor Fehrman), também balconista da lanchonete, em engraçadíssimas conversas sobre trolls morando em vaginas e hobbits gays que passam a “trilogia inteira só caminhando” em O Senhor dos Anéis, duas seqüências antológicas. Mas uma nova paixão surge no caminho de Dante, na pele de Rosario Dawson como a (bela) gerente da lanchonete.

Não poupando a escatologia verbal e nérdica onipresente no primeiro filme, perde, no entanto, um pouco do gás no terço final, quando cede um pouquinho ao sentimentalismo, ausente no filme original, ácido do começo ao fim. Ainda assim, tem momentos hilários, diálogos afiados e a sempre cômica presença dos eternos maconheiros e exibicionistas, agora “cristãos”, Jay (Jason Mewes) e Silent Bob (Kevin Smith), mesmo que a sensação de lugar nenhum e vazio predomine em seu final supostamente redentor, forçando uma espécie de elogio do loser, pois, desta vez, ao contrário dos filmes anteriores de Smith, Silent Bob não tem nada a dizer. E o filme parece que também não, apesar de toda a sua verborragia, além de uma melancólica sensação de loser que contamina o espectador na mesma faixa etária e (quase) no mesmo status dos empacados protagonistas.

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