Um réquiem para Bobby Kennedy e para uma América que poderia ter sido nas mãos dele como provável futuro presidente: justa, tolerante e fora do Vietnã. Será? O fato é que o diretor-ator Emilio Estevez (que havia dirigido Censura Máxima, 2000), consoante com a agenda liberal professada por seu pai, Martin Sheen, aqui reunido junto a um elenco extraordinário, faz um retrato reverente do senador assassinado no lendário Ambassador Hotel, após o discurso vitorioso nas eleições primárias da Califórnia, ao acompanhar 22 personagens fictícios, à maneira de Robert Altman e de Grande Hotel (1932), de Edmund Goulding, durante as horas que antecederam o fatídico acontecimento. Reverente até demais, especialmente na escolha das cenas documentais de um Bobby idealista e justo, em campanha pelos pobres, e que entrecortam a narrativa. E percebe-se que os personagens são mais tipos, às vezes bem caricaturais (o hippie de Ashton Kutcher, por exemplo), que pessoas, servindo, na maioria das vezes, em diálogos sentenciosos, para expor a situação política do país, a Guerra do Vietnã, o LSD e a luta pela igualdade racial. E sobra nostalgia um tanto embolorada nas falas do velho porteiro vivido por Anthony Hopkins. Ainda assim, Demi Moore, como uma cantora alcoólatra e decadente, e Sharon Stone, como uma cabeleireira traída pelo marido, o gerente do hotel (William H. Macy), tratam de humanizar seus personagens, num dos melhores momentos deste bem-intencionado Bobby. Mas nem sempre boas intenções resultam em memorável cinema, e tanto drama junto, obviamente traçando paralelos com a América atual de George W. Bush, blá-blá-blá, cansa. Tudo que é mencionado é interrompido ou calado com os tiros. Fica uma sensação de superficialidade, ainda que Estevez, fazendo uso de ambientação impecável, consiga equilibrar bem as histórias de todos os personagens.
Wer sich der Einsamkeit ergibt ("Aquele que se entregou à solidão") - Goethe
segunda-feira, julho 30, 2007
Bobby
(EUA, 2006)

Um réquiem para Bobby Kennedy e para uma América que poderia ter sido nas mãos dele como provável futuro presidente: justa, tolerante e fora do Vietnã. Será? O fato é que o diretor-ator Emilio Estevez (que havia dirigido Censura Máxima, 2000), consoante com a agenda liberal professada por seu pai, Martin Sheen, aqui reunido junto a um elenco extraordinário, faz um retrato reverente do senador assassinado no lendário Ambassador Hotel, após o discurso vitorioso nas eleições primárias da Califórnia, ao acompanhar 22 personagens fictícios, à maneira de Robert Altman e de Grande Hotel (1932), de Edmund Goulding, durante as horas que antecederam o fatídico acontecimento. Reverente até demais, especialmente na escolha das cenas documentais de um Bobby idealista e justo, em campanha pelos pobres, e que entrecortam a narrativa. E percebe-se que os personagens são mais tipos, às vezes bem caricaturais (o hippie de Ashton Kutcher, por exemplo), que pessoas, servindo, na maioria das vezes, em diálogos sentenciosos, para expor a situação política do país, a Guerra do Vietnã, o LSD e a luta pela igualdade racial. E sobra nostalgia um tanto embolorada nas falas do velho porteiro vivido por Anthony Hopkins. Ainda assim, Demi Moore, como uma cantora alcoólatra e decadente, e Sharon Stone, como uma cabeleireira traída pelo marido, o gerente do hotel (William H. Macy), tratam de humanizar seus personagens, num dos melhores momentos deste bem-intencionado Bobby. Mas nem sempre boas intenções resultam em memorável cinema, e tanto drama junto, obviamente traçando paralelos com a América atual de George W. Bush, blá-blá-blá, cansa. Tudo que é mencionado é interrompido ou calado com os tiros. Fica uma sensação de superficialidade, ainda que Estevez, fazendo uso de ambientação impecável, consiga equilibrar bem as histórias de todos os personagens.
Um réquiem para Bobby Kennedy e para uma América que poderia ter sido nas mãos dele como provável futuro presidente: justa, tolerante e fora do Vietnã. Será? O fato é que o diretor-ator Emilio Estevez (que havia dirigido Censura Máxima, 2000), consoante com a agenda liberal professada por seu pai, Martin Sheen, aqui reunido junto a um elenco extraordinário, faz um retrato reverente do senador assassinado no lendário Ambassador Hotel, após o discurso vitorioso nas eleições primárias da Califórnia, ao acompanhar 22 personagens fictícios, à maneira de Robert Altman e de Grande Hotel (1932), de Edmund Goulding, durante as horas que antecederam o fatídico acontecimento. Reverente até demais, especialmente na escolha das cenas documentais de um Bobby idealista e justo, em campanha pelos pobres, e que entrecortam a narrativa. E percebe-se que os personagens são mais tipos, às vezes bem caricaturais (o hippie de Ashton Kutcher, por exemplo), que pessoas, servindo, na maioria das vezes, em diálogos sentenciosos, para expor a situação política do país, a Guerra do Vietnã, o LSD e a luta pela igualdade racial. E sobra nostalgia um tanto embolorada nas falas do velho porteiro vivido por Anthony Hopkins. Ainda assim, Demi Moore, como uma cantora alcoólatra e decadente, e Sharon Stone, como uma cabeleireira traída pelo marido, o gerente do hotel (William H. Macy), tratam de humanizar seus personagens, num dos melhores momentos deste bem-intencionado Bobby. Mas nem sempre boas intenções resultam em memorável cinema, e tanto drama junto, obviamente traçando paralelos com a América atual de George W. Bush, blá-blá-blá, cansa. Tudo que é mencionado é interrompido ou calado com os tiros. Fica uma sensação de superficialidade, ainda que Estevez, fazendo uso de ambientação impecável, consiga equilibrar bem as histórias de todos os personagens.
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2 comentários:
Concordo David, mas tem umas duas ou tres cenas ótimas!!
Olha, um representante do mundo de Oz por aqui, para além do arco-íris, hahahaha.
Há ótimos momentos, sim, mas ficam dispersos na amarração. Num filme de Altman, em seus melhores trabalhos, todos os momentos individuais vão se convergindo e de maneira impactante. E achei difícil aceitar Lindsay Lohan, ótima atriz, como boa moça, quase virgem, depois de tudo que ela andou aprontando nos tablóides.
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