segunda-feira, julho 30, 2007

Bobby

(EUA, 2006)



Um réquiem para Bobby Kennedy e para uma América que poderia ter sido nas mãos dele como provável futuro presidente: justa, tolerante e fora do Vietnã. Será? O fato é que o diretor-ator Emilio Estevez (que havia dirigido Censura Máxima, 2000), consoante com a agenda liberal professada por seu pai, Martin Sheen, aqui reunido junto a um elenco extraordinário, faz um retrato reverente do senador assassinado no lendário Ambassador Hotel, após o discurso vitorioso nas eleições primárias da Califórnia, ao acompanhar 22 personagens fictícios, à maneira de Robert Altman e de Grande Hotel (1932), de Edmund Goulding, durante as horas que antecederam o fatídico acontecimento. Reverente até demais, especialmente na escolha das cenas documentais de um Bobby idealista e justo, em campanha pelos pobres, e que entrecortam a narrativa. E percebe-se que os personagens são mais tipos, às vezes bem caricaturais (o hippie de Ashton Kutcher, por exemplo), que pessoas, servindo, na maioria das vezes, em diálogos sentenciosos, para expor a situação política do país, a Guerra do Vietnã, o LSD e a luta pela igualdade racial. E sobra nostalgia um tanto embolorada nas falas do velho porteiro vivido por Anthony Hopkins. Ainda assim, Demi Moore, como uma cantora alcoólatra e decadente, e Sharon Stone, como uma cabeleireira traída pelo marido, o gerente do hotel (William H. Macy), tratam de humanizar seus personagens, num dos melhores momentos deste bem-intencionado Bobby. Mas nem sempre boas intenções resultam em memorável cinema, e tanto drama junto, obviamente traçando paralelos com a América atual de George W. Bush, blá-blá-blá, cansa. Tudo que é mencionado é interrompido ou calado com os tiros. Fica uma sensação de superficialidade, ainda que Estevez, fazendo uso de ambientação impecável, consiga equilibrar bem as histórias de todos os personagens.

2 comentários:

Michel Simões disse...

Concordo David, mas tem umas duas ou tres cenas ótimas!!

Lorde David disse...

Olha, um representante do mundo de Oz por aqui, para além do arco-íris, hahahaha.

Há ótimos momentos, sim, mas ficam dispersos na amarração. Num filme de Altman, em seus melhores trabalhos, todos os momentos individuais vão se convergindo e de maneira impactante. E achei difícil aceitar Lindsay Lohan, ótima atriz, como boa moça, quase virgem, depois de tudo que ela andou aprontando nos tablóides.