quinta-feira, julho 05, 2007

Catedráticos do Rock

(Rock’n’Roll High School, EUA, 1979)



Na prévia ao filme de Allan Arkush (hoje diretor de TV de séries como Heroes e Crossing Jordan, além da clássica A Gata e o Rato, entre outras), na última Sessão do Comodoro, a exibição do divertido curta de Vébis Jr., “Das Faces e Sombras”, um livre exercício de improvisação e cinefilia, que, parodiando o cinema verité de John Cassavetes, narra com alguma habilidade a frustrada tentativa de dois colegas mal-intencionados de embebedar e levar para a cama uma amiga, ex-namorada de um colega deles. Antes disso, relembram o que ocorreu com um outro amigo cinéfilo, assassinado como o Corisco de Deus e o Diabo na Terra do Sol (64), num assalto ao tentar defender sua coleção de DVDs do Fritz Lang! Muito bom! Depois, a exibição do longa-metragem propriamente dito, um filme B típico do final dos anos 70, descaradamente camp, anárquico e inventivo, em sua deliciosa sucessão de gags de rachar de rir, que inclui, entre os absurdos, ratos de laboratório que explodem ao som do rock dos Ramones, um “bixo” que vive sendo trancado nos armários dos corredores da escola pelos veteranos e uma espécie de “consultor” afetivo profissional que administra seu muito procurado “escritório” dentro do esfumaçado banheiro masculino. Tem até secretária no toalete para atendê-lo!

O fiapo de estória narra a luta da autodeclarada fã número 1 dos Ramones, a primeira da fila de qualquer show da banda, Riff Randell (P.J. Soles, uma das “vítimas” de Michael Myers no clássico Halloween, 78), contra a nazista diretora da escola, que deseja banir, com a ajuda de dois escoteiros almofadinhas que roubam a cena toda vez que aparecem, o Rock’n’Roll e todo o espírito rebelde e transgressor que o envolve. Está declarada a guerra. Para tomar a escola, Riff contará com a ajuda da sua nova amiga nerd, do bonitão inseguro da turma, do muito sofisticado professor de música (o diretor de filmes B Paul Bartel), que desbunda após ver o show dos Ramones, e, claro, dos próprios Ramones, em turnê pela cidade e as grandes estrelas do filme.

Produção de Roger Corman, roteiro de Arkush em co-autoria com o genial Joe Dante (Piranhas, Gremlins, Grito de Horror) e um humor nonsense à John Waters, mais light, no entanto, e que certamente influenciaria os irmãos Zucker e Jim Abrams (Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, Top Secret, Corra que a Polícia Vem Aí), em sua irreverência descompromissada e na sucessão de piadas que atiram para todos os lados, sob qualquer pretexto. Além de Bartel, participação especial-afetiva, como um chefe de polícia feioso, de Dick Miller, notório ator dos filmes de Roger Corman e depois dos filmes de Joe Dante, da musa de Andy Wharhol e atriz habitual das películas de Paul Bartel, Mary Woronov, ótima como a diretora opressora, e, claro, dos Ramones, recheando a exuberante trilha sonora com vários sucessos, como a canção-título. Um filme, acima de tudo, nostálgico e cult.

Sem comentários: