segunda-feira, julho 23, 2007

Em Busca da Vida

(Sanxia Haoren/Still Life, China, 2006)



A história de um mineiro que procura pela ex-mulher e pela filha na região que está para ser alagada pelo lago da represa de Três Gargantas, cujas águas encobrirão vilas, sítios arqueológicos milenares, povoados e cidades inteiras, deslocando milhões de pessoas dali e desfazendo vidas. Parte da cidade por onde anda, por exemplo, já está no fundo do lago, tragada pelas águas da modernização. E uma outra história de uma enfermeira que busca o marido, engenheiro da usina, para obter o divórcio. Filme de imagens eloqüentes e poucas palavras, como os anteriores de Jia Zhang-Ke (Plataforma, O Mundo), menos criptico no entanto e cristalino nas metáforas visuais, além de laureado com o Leão de Ouro no último Festival de Veneza. Lento e contemplativo, de apreciação vagarosa sobre as ruínas de um mundo prestes a desaparecer em nome do progresso autoritário do capitalismo de Estado chinês e cujas marcas ficarão impressas apenas na memória dos que passaram por lá ou nas cédulas da moeda chinesa Yuan, em momento emblemático, apesar de alguns toques de fantasia e surrealismo não muito convincentes em sua segunda metade.

5 comentários:

Ailton Monteiro disse...

Achei o filme bem bonito, principalmente no que se refere às imagens. Agora se eu me apegasse um pouco mais aos personagens e não me sentisse tão distante deles teria gostado mais. Mas é um filme que no cinema deve ser muito mais bonito.

Lorde David disse...

Eu achei bonito também, no geral. Só achei a cena do monumento decolando e uma outra parecida um tanto deslocadas do quadro realista do filme. E também não consegui me apegar aos personagens.

Anónimo disse...

Preciso rever. Na mostra, aprojeção estava horrível.

Lorde David disse...

Também o revi, mas por outros motivos (Zzzz). Agora está passando em película, se não me engano. Vale a pena rever. Com algumas restrições, é o melhor filme de Jia Zhang-Ke, ainda que a distância com que filme os atores e objetos provoque estranhamento. Um abraço.

Ailton Monteiro disse...

Essas cenas que provocam deslocamento da realidade me impressionaram. Gostei bastante e enumeraria como um dos pontos positivos. Devo fazer isso quando falar a respeito do filme no blog. Só não sei quando. hehehe