sexta-feira, julho 27, 2007

Harry Potter e a Ordem da Fênix

(Harry Potter and the Order of Phoenix, EUA/Reino Unido, 2007)



Da mesma forma que Brett Ratner (X-Men 3), Michael Bay (Transformers, o mais divertido filme do ano, junto com As Férias de Mr. Bean) e Tim Story (Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado), mais um diretor dito genérico (David Yates, do belo The Girl in the Café, 2005) que acerta a mão num blockbuster. A fabulosa saga de Harry Potter (Daniel Radcliffe) ganha aqui contornos mais realistas desde o início, quando Harry é mostrado sozinho num parquinho de Londres, prestes a ser aporrinhado por "trouxas" e por criaturas das trevas. Também o Mal, sempre ameaçador no retorno eminente de Lorde Voldemort (Ralph Fiennes), ser maligno que ninguém ousa dizer o nome e que Harry, ameaçado de expulsão, havia enfrentado no ano anterior, provocando a morte de um dos alunos, ganha presença mais corpórea e cotidiana na figura de Dolores Umbrigdge (Imelda Staunton), uma “tia” a princípio simpática. No entanto, como burocrática interventora do Ministério da Magia, que quer limitar o poder do diretor Dumbledore (Michael Gambon), passa a baixar uma série de medidas repressoras na escola de bruxos de Hogwarts, restringindo o uso de mágica e de outras (in)certezas hormonais da adolescência (que hoje se estende para além dos 30 anos...), abrindo caminho para a volta do Lorde, que assalta a mente de Harry em terríveis pesadelos, vez ou outra. Provocará também a revolta dos alunos, à maneira (suavizada) de If... (1968), de Lindsay Anderson, pois, com a ajuda da sociedade secreta da Ordem da Fênix, liderada por Sirius Black (Gary Oldman), e de Dumbledore, a fim de enfrentar Voldemort, Harry passa a treinar um exército de bruxos às escondidas da interventora castradora e obcecada por decretos, pregados na parede dia a dia, pontuando visualmente a narrativa. Há menos magia desta vez, mas não menos encantamento, sobretudo no relacionamento tenso entre os jovens e nas obrigações cada vez maiores que Harry, um quase adulto, é obrigado a assumir e carregar nas costas. Não se restringe mais a torneios de quadribol ou xadrez gigante, por exemplo. Além disso, tem coisas, em se tratando de sentimentos, que a magia é incapaz de solucionar. Também o confronto entre Harry e Voldemort, uma batalha mental, sobretudo, é muito interessante e assume de vez os traços sombrios das próximas aventuras. E, claro, o exuberante elenco de atores ingleses dos filmes anteriores está todo ali, ganhando o reforço da extraordinária Imelda (O Segredo de Vera Drake, 2004, de Mike Leigh), nessa trama bem mais complexa, nada infantil, com ecos de 1984, de George Orwell, e que mostra, acima de tudo, que crescer nunca é fácil, pois tem horas que não dá mais para escapar das responsabilidades. Nem com um passe de mágica.

5 comentários:

S K G Rao disse...

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Lorde David disse...

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Anónimo disse...

DAvid

Demorei, mas coloquei a lista dos livros.

Dos filmes blockbuster deste ano, este foi o que mais me agradou...muito mesmo! Há um quadro no ano de 68 que é uma linguagem fácil de entender, pelo menos aos interessados....Penso que num futuro, se crianças não saberem oq ue foi 68, ta aí um painel de fácil absorção!
Gostei demais deste!

Anónimo disse...

Melhor Harry Potter. De Longe. Finalmente apareceu um diretor que prefre contar uma história, em vez de ficar remendando trechos do livro.

Lorde David disse...

Melhor mesmo, Leandro. Me pegou desde o início. Ainda bem que mantiveram o diretor para o próximo filme.

Vébis, difícil não pensar em 68, em If... e tal, num quadro de revolta juvenil como mostrado no filme. Ainda que bem suavizado. E vi lá a sua lista. Ela me fez refletir que há muito tempo não leio um livro de cinema. Acho que ando um pouco cansado de teoria. Ou é fase. Um abraço.