terça-feira, março 20, 2007

O Bom Pastor

(The Good Shepherd, EUA, 2006)



O nascimento da CIA, o nascimento de um fantasma, na pele de Matt Damon, um de seus principais agentes. Repare como ele envelhece pouco ao longo dos mais de vinte anos de ação transcorrida neste O Bom Pastor, segundo trabalho de Robert De Niro na direção, reunindo um elenco todo estelar e admirável.

Após o casamento com a ricaça Angelina Jolie, Damon, no papel de Edward Wilson, um “americano tranqüilo”, discreto e brilhante, é chamado para ajudar a inteligência britânica durante a Segunda Guerra Mundial. Depois, com a Guerra Fria, é convocado para colaborar na formação daquele que seria o embrião da Central de Inteligência Americana, que recrutava jovens provenientes de boas universidades, especialmente brancos, protestantes e anglo-saxões (“wasps”), para compor seus quadros de americanos "patriotas". Invariavelmente, assuntos íntimos se misturarão a assuntos de Estado, o que não se trata de uma novidade, já que a agência se especializará em invadir e bisbilhotar intimidades alheias de forma a interferir em eventos políticos globais. Os amigos de hoje e até os filhos e familiares se tornarão suspeitos, neste filme contado em flashbacks, com roteiro complexo de Eric Roth, mas não prolixo, que De Niro dosa com necessária lentidão e rigor nos enquadramentos, sem se ater a contextualizações documentais que poderiam travar o andamento da narrativa. Abrindo o filme em 1961, com o fracasso da invasão americana na Baía dos Porcos em Cuba, do plano geral partirá, sobretudo, para o plano mais intimista, para os close-ups dos atores, do angustiado Matt Damon ao ambíguo agente russo que passa a colaborar para os americanos durante a Guerra Fria. Fascinante por destrinchar os bastidores pouco espetaculares da espionagem americana, mas que requer atenção nas suas quase três horas de duração. Nada cansativas, no entanto.

2 comentários:

Ailton Monteiro disse...

Eu achei o filme bem cansativo. Deviam ter tirado uma hora de filme pra ficar melhor. hehehe.. E acho que o De Niro devia se conformar em ser ator. De preferência de um filme do Scorsese.

Lorde David disse...

Eu imaginei que você iria achá-lo cansativo, Ailton. Mas não foi o que eu senti. Talvez por gostar de histórias assim.