
Uma estrela cadente assume formas belamente femininas ao cair na Terra (Claire Danes) e é disputada por príncipes fratricidas, uma bruxa cheia de sortilégios (Michelle Pfeiffer, muito bem-aproveitada), que, junto com as irmãs também bruxas, quer manter intacta a sua beleza e juventude, e por um jovem apaixonado, Tristan (Charlie Cox), que, da mesma forma que seu pai fizera anos antes, cruza o muro que separa o mundo real do mundo imaginário, a fim de capturá-la e impressionar a garota mais bonita (e comprometida) da aldeia (Sienna Miller), nesta divertida e movimentada aventura inspirada na obra ricamente ilustrada de Neil Gaiman. Dirigida com inteligência por Matthew Vaughan (Nem Tudo é O que Parece), que, fiel às belas ilustrações de Charles Vess do livro original, evita a orgia de efeitos especiais computadorizados todo o tempo, algo tão comum em produções contemporâneas do gênero, privilegiando os diálogos bem-humorados, as situações ora sombrias, ora encantadoras, ora intimistas e as boas atuações de todo o elenco e ainda assim mantendo o tom épico nesta fábula que tem muito do espírito juvenil de Willow, A Lenda, O Feitiço de Áquila e, principalmente, de A Princesa Prometida, mas desta vez sem sintetizadores na trilha sonora e que tem como ponto alto uma das mais engraçadas performances de um Robert De Niro muito à vontade, dançando Can-Can e usando vestido, na pele do muito “macho” pirata capitão Shakespeare. Por vezes irregular, uma fantasia escapista que não tem, felizmente, vergonha de terminar com o bom e velho “e viveram felizes para sempre...”, como há muito tempo não se via no cinema.