(A Fost Sau n-a Fost?, Romênia, 2006)
Antes da Revolução. Romênia, 12h08, 22 de dezembro de 1989. Depois da Revolução e fim da era Ceausescu. Mas houve Revolução? O povo se reuniu na praça antes deste horário decisivo? Ou depois? Ou foi só uma aglomeração popular que celebrava a queda de um ditador já condenado? É o que pergunta Jderescu (Teodor Corban), engenheiro têxtil tornado apresentador da emissora de TV de uma cidadezinha a leste de Bucareste, de onde teria irradiado o movimento, 16 anos depois da queda do czar comunista. Para respondê-las, convoca, após muita procura, dois moradores que teriam participado deste momento decisivo: o professor de História Manescu (Ion Sapdaru), sempre bêbado e endividado, e o velho Piscoci (Mircea Andreescu), que ganha alguns trocados fantasiando-se de Papai Noel. Duas testemunhas das mais improváveis. No estúdio, a “Revolução” então ganha forma nas palavras do professor Manescu, para depois ser contestada, desmentida, desconstruída pelos espectadores que ligam para o programa. Tudo através do diálogo, direto, sem flashbacks, instaurando mundos para momentos depois desfazê-los, embaralhando o que é fato do que é ficção. E é aí, nesse embate de versões, que o filme tem suas cenas mais divertidas, quando o diretor Corneliu Porumboiu (quanto nome difícil!) aproveita a precariedade técnica da emissora de TV para fazer troça das limitações técnicas do próprio filme. Se antes a câmera estática observava tudo a distância, pelas frestas, como o marasmo do dia-a-dia dos protagonistas, no estúdio, com os close-ups desajeitados e os involuntários desfoques, o filme ganha graça e humanidade e rende aí os seus melhores momentos, tendo sempre a política em perspectiva, ainda que cada vez mais distante, como o comunismo.
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