(Manhattan Melodrama, EUA, 1934)
Dois amigos tornados irmãos, quando viram órfãos num naufrágio no East River e são criados por um judeu (Harry Green), também sobrevivente da tragédia. Tornam-se órfãos novamente, e crescem trilhando caminhos opostos. Um, James W. Wade (William Powell), todo aplicado, torna-se advogado, promotor e, mais tarde, governador do estado de Nova Iorque. Outro, Blackie Gallagher, vira contraventor com a cara de Clark Gable, dirigindo cassinos ilegais e bancadas de apostas de jogatina. Entre eles, uma dama, no caso Myrna Loy, no papel de Eleanor Packer, então amante de Blackie, mas que ao conhecer Wade, recém-vitorioso promotor público de Nova Iorque, larga o galã criminoso e opta pela segurança de um casamento com o austero, mas ambicioso Wade (coisas de mulher!). Mas a fidelidade de Blackie ao amigo de longa data será maior. Como fora-da-lei, Blackie manterá Wade dentro da lei, ao eliminar um rival seu, disposto a importuná-lo com provas de um processo em que Wade teria negligenciado evidências contra Blackie, pela amizade, quando concorria para governador. O assassinato, no entanto, colocará Wade e Blackie em lados opostos no tribunal. Wade será então mais fiel aos seus princípios éticos e não hesitará em pedir a pena capital para Blackie, durante o julgamento. Dura lex sed lex. Mais tarde, já eleito governador, terá a chance de mudar a sentença de Blackie. Continuará fiel ao amigo ou à lei, à dura lei? Será que a justiça julga mesmo os homens como iguais? E a sua esposa, ainda ligada a Blackie, apoiará Wade em sua decisão? São algumas das questões deste melodrama sombrio de W.S. Dyke, tipicamnte old fashion, com sólidas performances do trio de protagonistas, roteiro enxuto e excelente fotografia expressionista em preto e branco, antecipando os tons ainda mais soturnos dos film noirs dos anos 40. E apesar de Gable, William Powell e Myrna Loy parecem mesmo que foram feitos um para o outro, como demonstraria o sucesso da série de filmes estrelados pela dupla de A Ceia dos Acusados (1934) e suas subseqüentes continuações, além deste soberbo melodrama da MGM. Porém, nunca foram casados na vida real.
Como curiosidade histórica, na saída da sessão deste filme, no cinema Biograph Theater, de Chicago, o notório criminoso John Dillinger era finalmente morto, depois de intensa busca, numa emboscada do FBI armada graças à dica da amante do gângster, Ann Sage (“The Woman in Red”), alcoviteira de um bordel de Chicago, na noite de 22 de julho de 1934, aos 31 anos, um mês após o dirigente máximo do Bureau (e dublê de travesti), Edgar J. Hoover, tê-lo declarado inimigo público número 1.
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