(Letters From Iwo Jima, EUA, 2006)
Sob a névoa da guerra, jazem os corpos dos soldados japoneses. Sob a névoa da guerra, alguns ainda sobrevivem, arrastando-se entre os projéteis que varam as trincheiras e casamatas na batalha de Iwo Jima. Batalha já perdida pelos japoneses. Menos a guerra, porém, mais a sobrevivência à maneira de Samuel Fuller (Agonia e Glória) dos que não tombam. Mas os que sobrevivem, matam-se pela honra. Honra milenar, que alguns não querem aceitar, como o jovem soldado Saigo (Kazunari Ninomiya), que passa parte da guerra cavando trincheiras (ou “covas”) e túneis, outra parte se escondendo neles das balas dos americanos e dos rituais de suicídio de seus superiores patriotas, que não vêem alternativa mais honrosa diante da capitulação eminente da ilha. Alguns, como o general Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe), também não gostam da idéia da auto-imolação das tropas, embora o general já saiba que vai morrer. E enquanto resistem, sem água ou comida, cartas para suas famílias são lidas. Das mais simples, das mais tocantes, das mais comoventes, aproximando homens de lados opostos no campo de batalha em toda a sua humanidade, neste que é o maior filme de Clint Eastwood de todos os tempos, filmado num preciso claro e escuro que reforça mais uma vez essa zona de luz e sombras que é a guerra, onde nem sempre inimigos ou aliados são tão evidentes assim.
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