(Rambo, EUA, 2008)
Em algum lugar remoto nas selvas da Tailândia, estava quieto em seu lugar o bom e velho veterano do Vietnã, John Rambo (Sylvester Stallone), quando alguém vem mais uma vez perturbar a paz que desfrutava junto a suas cobras e serpentes. Desta vez, um grupo de teimosos missionários americanos que, munido apenas de boas intenções humanitárias, Jesus no coração e nenhum armamento, pede-lhe que os conduza rio acima com o seu barco para uma aldeia na vizinha Myanmar, país em guerra civil, governado por uma longeva e brutal ditadura militar. Rambo, após certa relutância, cumpre o que promete, apesar de alguns violentos percalços. E lá os missionários, como era de se esperar, são capturados pelos militares locais liderados por um malvadão, bigodudo e caricato oficial pedófilo, não sem antes massacrarem com requintes de crueldade a vila inteira, não poupando mulheres, crianças e até bebês, nas mais gráficas cenas há muito não mostradas no cinema. Pelo menos, num cinema mais convencional, desses de shopping. Sem perder tempo, Rambo é novamente contatado para retornar ao local, agora conduzindo um grupo de mercenários nervosinhos com a missão de resgatar os missionários seqüestrados, que estão sendo dados de alimentos aos porcos. E aí a conhecida máquina de guerra desperta em John Rambo e ele lança toda a sua fúria contra os militares genocidas, rasgando gargantas com as próprias mãos, aniquilando-os com o seu arco-e-flecha ou, melhor ainda, fatiando-os como ninguém com uma poderosa metralhadora giratória, em icônicas imagens que retomam os filmes anteriores. O sangue, os pedaços de corpos arrancados, os membros decepados tornam o filme um espetáculo literalmente visceral, como poucas vezes se vê por aí.
Rápido, enxuto, sem firulas e bem conduzido pelo próprio Stallone, especialmente nas cenas de ação, que, abrindo mão da sutileza nos diálogos ruins e agora sem politicagem ou jingoísmo, dando ênfase ao individualismo resignado do herói, não economiza na violência, na forma crua e direta de mostrá-la, num espetáculo de força bruta e gore que tem mais em comum na carga de violência explícita com os seus sangrentos imitadores ou antecessores italianos que com os outros filmes da série e que será marcante e nostálgico para muitos ou detestável ou aborrecido para outros tantos. Mas, dando as costas para a platéia, Stallone/Rambo conclui de forma até catártica e bem satisfatória a saga de seu sofrido veterano e assim despede-se de todos, como na cena final, que retoma o percurso inverso ao do primeiro filme, de 82, ao som do marcante tema musical de Jerry Goldsmith.
2 comentários:
As primeiras frases do teu texto ficaram muito engraçadas, David. hehehe..
Fico feliz que você tenha percebido as ironias, Ailton. Costumo fazer isso sempre que posso e quase ninguém comenta, hehehe.
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