segunda-feira, março 24, 2008

Delírios

(Delirious, EUA, 2006)



Depois de Johnny Suede (1992), Vivendo no Abandono (1995) e Uma Loira de Verdade (1997), o independente cineasta novaiorquino Tom DiCillo volta a dar estocadas verbais no mundo da fama e, principalmente, das fugazes celebridades que nele habitam, com seu característico humor, sarcástico e mordaz, na estória de um sem-teto, Toby (Michael Pitt), que sonha ser ator e por acaso se torna assistente do irritante paparazzo pobretão Les Galantine (Steve Buscemi), acostumado a invadir festas de celebridades em Manhattan, sobretudo para conseguir a sacolinha de lembranças, e que se orgulha, entre outros feitos notáveis, de ter apertado a mão de Robert De Niro (!), tirado uma foto de Elvis Costello sem chapéu (!!) e outra de Goldie Hawn almoçando (!!!). Juntos, conseguem fotografar uma celebridade recuperando-se de uma cirurgia para aumentar o pênis, o que rende a Les alguns benvindos trocados, e se aproximam de uma fútil cantora juvenil, K´Harma (Alison Lohman), em crise após o fim de um relacionamento e que simpatiza com o jeitão carente, ingênuo e desprotegido de Toby.

Bobo e esquecível, como quase todos os filmes de DiCillo, aqui apoiando-se mais uma vez na interpretação histérica de Buscemi, bom para encarnar tipinhos repulsivos e outrora alter ego do diretor no esperto Vivendo no Abandono, mas com boas alfinetadas aqui e ali neste singelo mundo de aparências, modas descartáveis e pessoas que nele se autoconsomem, e um final bastante irônico, digno de telenovela, além da boa presença de Pitt, da sempre atraente Lohman e de Gina Gershon como uma vampiresca e vaidosa agente de casting. Por mais grossos ou sofisticados que sejam os óculos ou as lentes das máquinas fotográficas usadas por seus protagonistas, eles poucos são capazes de enxergar além do próprio nariz. E, atenção, para quem for vê-lo nos cinemas, fiquem até depois dos créditos.

6 comentários:

Ailton Monteiro disse...

Não sei os outros, mas eu achei VIVENDO NO ABANDONO bem interessante.

Lorde David disse...

Mas esse é mesmo o filme mais legal de DiCillo, Ailton. Todos os outros que vi dele depois me pareceram derivações menos inspiradas e muito mais gritadas. E, se não me engano, DiCillo foi o diretor que revelou Catherine Keener e Sam Rockwell.

Anónimo disse...

No way, Sam Rockwell foi revelado ainda pivete em CLOWNHOUSE do Victor Salva... o que deixa a gente pensativo por causa das acusações de pedofilia que o diretor recebeu hehe.

Lorde David disse...

Tem razão, Osvaldo. Este filme é um pouco anterior a Chave da Liberdade que, no entanto, fez relativo sucesso. Acho que mais até que Clownhouse. Um abraço.

Anónimo disse...

"No way, Sam Rockwell foi revelado ainda pivete em CLOWNHOUSE do Victor Salva... o que deixa a gente pensativo por causa das acusações de pedofilia que o diretor recebeu hehe."


Grande Osvaldo! Salvando a pátria!

Taí um filme q ser descoberto: Clownhouse. Palhaços certamente deram bons filmes de horror.

Lorde David disse...

"Palhaços certamente deram bons filmes de horror."

Como não esquecer do insuperável "crássico" do Cine Trash da Band: Killer Klowns from Outer Space?