segunda-feira, março 03, 2008

Rambo IV

(Rambo, EUA, 2008)



Em algum lugar remoto nas selvas da Tailândia, estava quieto em seu lugar o bom e velho veterano do Vietnã, John Rambo (Sylvester Stallone), quando alguém vem mais uma vez perturbar a paz que desfrutava junto a suas cobras e serpentes. Desta vez, um grupo de teimosos missionários americanos que, munido apenas de boas intenções humanitárias, Jesus no coração e nenhum armamento, pede-lhe que os conduza rio acima com o seu barco para uma aldeia na vizinha Myanmar, país em guerra civil, governado por uma longeva e brutal ditadura militar. Rambo, após certa relutância, cumpre o que promete, apesar de alguns violentos percalços. E lá os missionários, como era de se esperar, são capturados pelos militares locais liderados por um malvadão, bigodudo e caricato oficial pedófilo, não sem antes massacrarem com requintes de crueldade a vila inteira, não poupando mulheres, crianças e até bebês, nas mais gráficas cenas há muito não mostradas no cinema. Pelo menos, num cinema mais convencional, desses de shopping. Sem perder tempo, Rambo é novamente contatado para retornar ao local, agora conduzindo um grupo de mercenários nervosinhos com a missão de resgatar os missionários seqüestrados, que estão sendo dados de alimentos aos porcos. E aí a conhecida máquina de guerra desperta em John Rambo e ele lança toda a sua fúria contra os militares genocidas, rasgando gargantas com as próprias mãos, aniquilando-os com o seu arco-e-flecha ou, melhor ainda, fatiando-os como ninguém com uma poderosa metralhadora giratória, em icônicas imagens que retomam os filmes anteriores. O sangue, os pedaços de corpos arrancados, os membros decepados tornam o filme um espetáculo literalmente visceral, como poucas vezes se vê por aí.

Rápido, enxuto, sem firulas e bem conduzido pelo próprio Stallone, especialmente nas cenas de ação, que, abrindo mão da sutileza nos diálogos ruins e agora sem politicagem ou jingoísmo, dando ênfase ao individualismo resignado do herói, não economiza na violência, na forma crua e direta de mostrá-la, num espetáculo de força bruta e gore que tem mais em comum na carga de violência explícita com os seus sangrentos imitadores ou antecessores italianos que com os outros filmes da série e que será marcante e nostálgico para muitos ou detestável ou aborrecido para outros tantos. Mas, dando as costas para a platéia, Stallone/Rambo conclui de forma até catártica e bem satisfatória a saga de seu sofrido veterano e assim despede-se de todos, como na cena final, que retoma o percurso inverso ao do primeiro filme, de 82, ao som do marcante tema musical de Jerry Goldsmith.

2 comentários:

Ailton Monteiro disse...

As primeiras frases do teu texto ficaram muito engraçadas, David. hehehe..

Lorde David disse...

Fico feliz que você tenha percebido as ironias, Ailton. Costumo fazer isso sempre que posso e quase ninguém comenta, hehehe.