terça-feira, agosto 14, 2007

Sem Reservas

(No Reservations, EUA, 2007)



Um filme em que o par perfeito para a perfeita ma non troppo Catherine Zeta-Jones é o inacreditavelmente perfeito Aaron Eckhart, ao contrário do tipo italiano brutino de Sergio Castellitto do filme original: simpático, sorridente, cozinha bem, tem certa modéstia (tipo “estou aqui porque quero cozinhar contigo” e não “porque quero o teu emprego, depois de ter aprendido todos os teus segredinhos culinários, passando por cima de ti e assumindo de vez a chefia da cozinha da Ofélia no teu lugar, capisce?”, como ocorre na vida real, real demais às vezes), arranha no italiano, é loiro, alto e gosta de ópera, ainda que sempre das mesmas e óbvias árias de La Traviata (“Brindisi: Libbiamo, ne'lieti”) e Turandot (“Nessun Dorna”), por exemplo. Ela, obcecada por perfeição, na cozinha, não quando o assunto é homens, está claro, e que, em vez de fazer terapia, prefere cozinhar para o terapeuta (Bob Balaban) durante as sessões, mal tem vida própria e, centralizadora, não suporta a companhia de outra estrela da culinária na cozinha do chique restaurante onde trabalha, na Bleecker Street (a autêntica de Nova Iorque, não aquele barzinho da moda da galerinha da Vila Madá). Não suportará no começo, claro. Um acidente, que mata a irmã e deixa a sua sobrinha (Abigail Breslin) órfã e em suas mãos, a obriga a reavaliar a sua vida agitada e tal e abrir aos poucos seu coração duro para o homem perfeito e que ocupa espaço às vezes demais em sua cozinha, com sua fingida estirpe italianada da Toscana, obviamente, mas que faz o melhor espaguete com pomodoro e manjericão do mundo, o que conquista a simpatia da sobrinha, claro, pouco afeita a trutas e outras sofisticações preparadas e impostas pela tia exigente no jantar.

Mais fluente e redondinho que a matriz original alemã, Simplesmente Martha (2001), também com menos conflitos, mais agradável em seus passeios pela cozinha de pratos apetitosos de Zeta-Jones, pela câmera sempre bem balanceada e cheia de filtros do convencional Scott Hicks (de Shine – Brilhante, 1996), terno e “fofinho”, sobretudo nos momentos em que Abigail está presente, é um “prato” cheio e óbvio para as mulheres que acreditam no príncipe encantado e acalentam essa ilusão. Mas e se esse o príncipe não lavasse toda aquela louça que suja depois de preparar tantas maravilhas apetitosas? Ah, isso é uma outra questão. E como acho isso tudo uma besteira, assim como o absurdo preço do quilo das trufas brancas em Nova Iorque, fico por aqui. Ou melhor, volto para a Garfagnana, na Toscana, onde as trufas são abundantes e baratas. E as mulheres, menos iludidas, acho, embora não tão belas como Zeta-Jones. Ciao.

2 comentários:

Ailton Monteiro disse...

Estou pensando se eu vejo ou não esse filme. A única atração pra mim é a Zeta-Jones. Que mulher maravilhosa... Uma dessas não aparece na minha vida..hehehe

Lorde David disse...

Acho que por Zeta e Abigail o filme até vale a pena, embora Zeta faça aqui a típica novaiorquina estressada, neurótica e controladora que às vezes até assusta, hehehe.