segunda-feira, abril 09, 2007

Um Beijo a Mais

(The Last Kiss, EUA, 2006)



Rapaz todo certinho (Zach Braff, lembrando um pouco o Dustin Hoffman de A Primeira Noite de um Homem, mas só um pouco) conhece garota toda certinha (Jacinda Barrett). Rapaz se junta a ela. Ela fica grávida. E ele entra em crise. Arquiteto, beirando os 30, sente que sua vida tenha sido um tanto planejada demais, correta demais, com tudo caminhando para um desfecho previsível e monótono ao lado de sua bela namorada, que certamente virará esposa, com direito a festinha, convites na gráfica, bolo e arremesso de buquê. No fundo, anseia para dar mais alguns beijinhos e amassos e outras coisas para além do baixo ventre. Anseia por uma certa inconseqüência que nunca teve na vida. Num casamento, conhece outra garota (Rachel Bilson), uma universitária. Um flerte. Encantamento mútuo. Paixão. E lá vêm os tais beijos a mais. E outra crise para ele, agora familiar. Assim como para seus amigos e sogros, eles mesmos envolvidos em suas próprias crises, com exceção de um barman amigo deles, todo lúbrico, despreocupado e que é o oposto de todos.

Agradável de ver, bem filmada pelo diretor Tony Goldwyn e seguramente bem interpretada, esta refilmagem do italiano O Último Beijo (2001), de Gabriele Muccino, não se livra, no entanto, das obrigações conjugais que arremessa impiedosamente nas costas do personagem de Zach Braff, enchendo-o de culpa e remorso. Ele deveria ter largado tudo e seguido os seus buddies rumo à Terra do Fogo. Afinal de contas, ninguém é perfeito, tudo se perdoa e o mundo é grande demais para ficar limitado à varanda da casa, especialmente aos 30 anos. E ponto final, seu Paul Haggis.

9 comentários:

Alê Marucci disse...

Discordo completamente de seu final alternativo, porque o final proposto pelo filme é romanticamente imbatível. Embora eu ache que nenhum homem lute tanto assim por uma mulher...
Beijo.

Lorde David disse...

Oi, Alê. Eu até lutaria, mas a minha intenção é mesmo provocar a discórdia, hehehe. Não sei se o final é romântico. Dá a deixa de ser un tanto conformista. Há mais química entre ele e a estudante que entre ele e a namorada oficial. Se optasse pela jovem, largasse tudo e fugisse com ela para a Patagônia, aí sim seria romântico. Um beijo romântico.

Anónimo disse...

Então...Eu acho que eu discordo dos dois comentários acima. Eu não assisti ao filme, mas quando se trata de romance, você sabe que eu não resisto em dar minha singela opinião. Hoje em dia, as pessoas têm uma visão muito romântica do romance. Não acho que sejam necessárias as pirotecnias hollywoodianas para que a gente se sinta num romance. Encontrar alguém que consiga perceber o outro, ficar atento e sensível às necessidades do outro já está de bom tamanho, especialmente no mundo egoísta e individualista de hoje. O resto, se constrói junto. Agora, eu também não acho que uma relação longa tenha que ser monótona. Ela pode ser altamente recompesadora e atraente. Só que depende do empenho de ambos (não só do homem, que, na visão da mulher, tem que ser romântico em tempo integral). Bom, assim falou a terapeuta. Beijos

Lorde David disse...

Lílian, acho que na estória ele até se esforça para querer construir uma relação duradoura, tentando a todo custo reatar com a noiva, etc., mas no contexto do filme isso soa meio artificial, falsamente romântico, romantismo vulgar do tipo revista feminina, tendo em vista que ele está claramente interessado na outra, pelo que se percebe das imagens dos dois juntos. Um beijo.

Ailton Monteiro disse...

O negócio e´que a outra acaba ficando meio vilã da história, meio Glenn Close em ATRAÇÃO FATAL..hehehe.. Principalmente quando ela aparece pra lhe dar um presente no seu trabalho. Acredito que não iria dar certo ele ficar com a jovem por causa da diferença de idades e de estados de espírito.

Ailton Monteiro disse...

Bom, ainda estou repensando o filme pra escrever sobre ele no blog já já..heheheh

Lorde David disse...

Pode ser que não, Ailton. Mas também a outra tem seu momento de Atração Fatal, apontando a faca e tudo, hehehe. Imagine numa outra crise o que poderia acontecer, hehehe. O fato é que ele se vê compelido o filme inteiro a se amarrar, com uma ou com outra e as coisas não necessariamente precisariam se desenrolar dessa forma. Mas como o mundo é muito conservador hoje em dia, compromisso virou palavra de ordem. E muitas vezes isso não tem nada a ver com amor ou romantismo.

Alê Marucci disse...

Meninos, vocês não sabem de nada. É óbvio que ele não está apaixonado pela outra. Ele só quer comer uma mulher diferente. E, evidentemente, assim que consegue o que quer perde totalmente o interesse pela menina, que não tem NADA a ver com ele. É piveta, freqüenta ambientes completamente alheios a ele, enfim, uma menina que ainda está na fase UHU!
Acho que ele gosta de verdade da noiva dele, o único problema é que tem medo do que o espera, o que eu acho totalmente natural.
Beijos.

Lorde David disse...

Pode até ser, Alê. Mas no filme isso não soa convincente. Para mim, pelo menos, que não sei de nada. E duvido que alguma mulher o perdoaria após ficar sabendo da escorregada, com todo esse papo de exclusividade que ouço por aí. Um beijo.