(Homicide, EUA, 1991)
Uma investigação (mal)conduzida pelo FBI, à procura de um traficante e assassino negro (Ving Rhames), resultará em tiroteios, mortes e truculência. Menos na prisão do suspeito. Por isso, a prefeitura decide tirar o FBI do caso e retorná-lo à polícia. Dois policiais experientes da Divisão de Homicídios, Bobby Gold (Joe Mantegna) e Tim Sullivan (William H. Macy), são escalados. No caminho para deter uma testemunha importante, deparam-se por acaso com o assassinato de uma velha senhora judia. Gold, calejado negociador de origem israelita, mas há muito afastado do judaísmo, acaba sendo escalado para este novo caso, a contragosto. À medida que se aprofunda nas investigações, se deparará com suas raízes judaicas, sua identidade, sua condição de eterno estrangeiro no mundo dos brancos e cristãos (goyim). Americano? Nem tanto. Descobrirá também uma organização secreta sionista que combate neonazistas. É convocado a colaborar com ela. Mas, para isso, terá que trair seu juramento como policial. Entre o dever e a identidade, naturalmente, entrará em conflito. Mas não desistirá também de capturar o traficante negro, tornando as coisas mais tensas e ainda mais angustiantes para ele.
Um filme à maneira de David Mamet: sólido, com uma trama de reviravoltas que é mero pretexto para o protagonista questionar sua identidade, para desconfiar o tempo todo do que é mostrado como evidência de verdade alguma, com diálogos incisivos, duros, agressivos, que enfatizam frases e palavras de ordem repetidas o tempo todo, clima noturno e sólidas interpretações de Joe Mantegna (As Coisas Mudam, Jogo de Emoções) e William H. Macy (Oleanna, Mera Coincidência, Spartan, Edmond), habituais colaboradores de Mamet. Outras caras conhecidas de filmes de Mamet, como sua esposa Rebecca Pidgeon e o ator (e mágico) Ricky Jay, também marcam presença em papéis pequenos, mas importantes. No final das contas, neste mundo de relações perigosas, aparências se revelam enganosas e identidades, escorregadias, num dos melhores trabalhos de Mamet como diretor.
Visto num DVD vendido nas bancas e que traz ainda, na mesma edição, o claustrofóbico American Buffalo (96), de Michael Corrente, baseado em peça de David Mamet.
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