(Last Days, EUA, 2005)
Inspirado diretamente nos últimos dias de Kurt “Nirvana” Cobain, vagarosamente caminha este drama crepuscular de Gus Van Sant (Gênio Indomável, 1997, Elefante, 2003), que traz Michael Pitt como Blake, líder de uma banda grunge famosa, vagando pela floresta ao redor de sua casa, em meio a colegas largados e interesseiros, nadando, mijando, cavando buracos, fingindo-se de caçador, vestindo-se de mulher, preparando macarrão instantâneo, vendo clipes na MTV, recebendo esparsas visitas, fugindo dessas visitas, como os mórmons (aqui um trocadilho com os últimos dias do título), compondo as últimas canções, indo a um show e enfim morrendo. Um clima de despedida o tempo todo no ar. De longe, a câmera de Van Sant, em longos planos-seqüência, acompanha seus amigos e ele, sobretudo, moribundo sempre, indiferente a tudo e a todos. Não há tanto assim a mostrar, mas alguma poesia inesperada acaba emanando disso. Tanto distanciamento que, no final, acabou me deixando, à maneira da tal Geração X retratada no filme, um tanto indiferente ao que foi mostrado. Ainda assim, um trabalho autoral, digno, que tem seus momentos de beleza, como na cena final, e que não procura fazer concessão alguma ao permear o filme de tempos mortos e uma monotonia onipresente, sem ordenar clichês comuns a filmes supostamente baseados em fatos reais.
2 comentários:
Queria ter visto esse filme sem ter sentido sono e de preferência num cinema. Gosto mais de ELEFANTE e de GERRY que desse.
Também gosto mais de Elefante. E de Garotos de Programa. E de Psicose também. Gerry eu não vi. E vi Last Days sem sono. Mesmo assim acabei ficando bem sonolento no final, hehehe.
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