segunda-feira, abril 16, 2007

Ventos da Liberdade

(The Wind that Shakes the Barley, Reino Unido/Irlanda/Espanha/Itália/Alemanha, 2006)



O cinema da dialética de Ken Loach, e a briga entre oprimidos e opressores. Os opressores são os ingleses que controlam a Irlanda, um país rural e idílico antes da invasão, da mesma forma que o condado dos hobbits em O Senhor dos Anéis. Os oprimidos, o povo gaélico, em cores neutras e interpretações naturalistas, retomando sotaques e dialetos locais. Após presenciar mais uma vez a brutalidade das forças do mal, ou melhor, da ocupação, decidirão agir. Para conquistar a liberdade e formar uma república, irão às armas, cidadãos! E serão igualmente brutais. Nesse conflito, dois irmãos lutarão lado a lado até o dia em que o país consegue uma controversa autonomia, durante os anos 20. A guerra cede lugar à política, aos debates sem fim e novamente à guerra, colocando desta vez os irmãos em lados opostos. Aí a derrota virá para ambos. Sobretudo no plano afetivo, que sucumbe diante da dimensão política, muito maior que a do indivíduo e seus laços familiares.

Filmado com neutralidade por Loach, com o mínimo de movimentação de câmera, que é posicionada quase sempre a distância, evita o panfletarismo fácil, as discussões políticas rasteiras, as simetrias maniqueístas, o artifício, as lágrimas forçosas, mas não a sua posição política. Indignado, sempre. E com as aflições dos indigentes e famélicos, sobretudo, que persistem e persistirão. Na Irlanda, ou em qualquer outro lugar do mundo. É a lição de um veterano engajado de que com um mínimo se faz grande cinema, e nunca disposto a ceder ou a facilitar. Apenas mostrar o que passa diante da câmera.

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