terça-feira, abril 17, 2007

Sunshine – Alerta Solar

(Sunshine, Reino Unido, 2007)



Uma nave ruma não em direção ao infinito escuro do espaço, mas à claridade absoluta, que é tão misteriosa e fascinante quanto. E gera efeitos horripilantes em quem a contempla demoradamente.

Num futuro não muito distante, o sol está morrendo e, com ele, toda a vida do planeta Terra. Uma missão tripulada, apropriadamente denominada Ícaro, é enviada à estrela para fazê-la “reacender” por meio de bombas nucleares. Desaparece. Anos depois, uma outra nave, Ícaro II, em forma de um grande guarda-chuva, parte para lá com o mesmo propósito. Encontra a outra nave à deriva. Os tripulantes decidem resgatá-la. E sabotagens variadas e estranhas perturbações passam ocorrer entre eles, comprometendo a missão, a segurança de todos e o futuro do planeta. Aqui, importa menos a trama ecológica e com viés esperançoso, atípico da carreira do diretor Danny Boyle, e mais o confinamento dos personagens, colocados em situações-limite e que começam a se autodestruírem, decidindo quem vive e quem morre, da mesma forma que em Cova Rosa (94), Trainspotting (96) e Extermínio (2002). Isso e mais os bons efeitos especiais, que dão ao filme um visual de tons ora azulados, ora amarelados e que vão modulando um magnífico balé de luzes, apesar da frieza das interpretações, garantem o interesse por este filme de andamento cadenciado, contemplativo, e que recicla idéias de 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968) e Solaris (1972), mas que lembra um pouco também O Enigma do Horizonte (1997), de Paul W.S. Anderson.

E no final, parece dizer o diretor, junto com o roteirista Alex Garland, seu parceiro habitual, que o planeta pode ser revivido, mas a capacidade dos indivíduos de entrarem em acordo é sempre mais remota, sempre improvável, sempre mais difícil, quando não inútil, ainda mais quando, mergulhados no infinito do espaço, contemplam sua própria finitude, sua pequenez, o retorno ao pó, à poeira espacial, diariamente, durante os anos em que dura a missão.

2 comentários:

Anónimo disse...

Vi o filme hoje, não sei o que dizer. Só sei que seu texto tá ótimo de novo, David. Principalmente a parte final.

Lorde David disse...

Oi, Daniel. Na hora, também não sabia muito o que pensar. Mas o visual do filme me encantou bastante e ficou na minha cabeça, sobretudo aqueles trajes amarelos.