sexta-feira, março 30, 2007

De Tanto Bater Meu Coração Parou

(De Battre Mon Coeur S'Est Arrêté, França, 2005)



Pais e filho. Um filho, Tom (Romain Duris) de temperamento explosivo, que herda do pai, e pendor para a música erudita, que veio da mãe, falecida concertista de piano. Mundos à parte, em conflito dentro da mesma pessoa, em que a mão que soca e arrebenta é a mesma que toca. Há anos longe do piano, dedica-se aos negócios sujos do pai (Niels Arestrup), um agiota e gângster do ramo imobiliário. Junto com dois colegas igualmente violentos, Sami (Gilles Cohen) e Fabrice (Jonathan Zaccai), vive batendo, aterrorizando e expulsando moradores, em geral imigrantes, dos imóveis da família em Paris. Além disso, movidos a cocaína, exercitam os instintos básicos transando e arranjando brigas pelas ruas e em boates. Um dia, por acaso, Tom reencontra um antigo professor e redescobre o piano. Quer voltar a tocar. Melhor, quer ser concertista e sair do submundo. Para tão ambicioso desejo, passará a ter aulas com uma professora sino-vietnamita (Linh Dan Pham), recém-chegada a Paris. Os dois quase nada se entendem, a não ser por meio das notas musicais, linguagem universal. Universal como a violência “praticada” no dia-a-dia por Tom, que continuará a persegui-lo, sobretudo ao se envolver como sócio de Sami e Fabrice em um empreendimento imobiliário suspeito e tendo ainda a sombra onipresente do pai, que o manda para mais uma tarefa arriscada, ao cobrar uma dívida de mafiosos russos.

Câmera flutuante, vigorosa e agarrada aos atores, como nos filmes de John Cassavetes, e personagem principal que lembra o jovem e estourado Robert De Niro/Johnny Boy de Caminhos Perigosos (1973), de Martin Scorsese, em filme noturno levado num ritmo às vezes pulsante, às vezes contemplativo pelo diretor Jacques Audiard, especialmente nos momentos musicais ao som de Bach e Haydn. Mas, no final, a violência e a impulsividade acabarão por se impor sobre muitas das ações de Tom, nesta refilmagem de Fingers (1978), de James Toback, que se estruturava como Caminhos Perigosos, ainda que sinalize uma redenção no final para o protagonista. Intenso, ainda mais pela interpretação de Romain Duris, um jovem com dificuldade em centrar suas paixões, sobretudo por viver atrelado a elas, o tempo todo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Aonde vc viu esse filme? Eu vi uma propaganda dele em algum canal da TV e fiquei com vontade de ver - especialmente pelo título, forte. Depois do texto, vou procurar...Um beijo

Lorde David disse...

Vi-o no cinema, em 2005. Revi-o dias desses no Max Prime. Vale a pena. O título, com o coração no meio, também foi o que mais me chamou a atenção. Beijos.