segunda-feira, dezembro 18, 2006

A Fera do Forte Bravo (Escape from Fort Bravo, EUA, 1953)

Panorâmicas do deserto, ainda sem o CinemaScope. Cores mais realistas, que prefiguram o Eastmancolor. Eleanor Parker. Eleanor Parker. Eleanor Parker. Uma emboscada final dos índios apaches mescaleros. Eleanor Parker. E chovem flechas. Um, dois, três dias seguidos. E com Eleanor Parker no meio.

Típico western de John Sturges, aquele dos samurais que viraram caubóis. Sete deles, um careca, e que depois inspirariam o mundo de Marlboro. E aquele da grande fuga de moto de Steve McQueen dos nazis. Mas antes, este western ranzinza, que também trata de fuga e ainda de Guerra Civil, apaches, deserto e William Holden como um oficial também ranzinza da União. Aqui, é encarregado de capturar soldados confederados, num território hostil no Arizona, dominado por apaches mescaleros de um lado e pela guerra de outro. Amante das rosas, trata subordinados e cativos de uma maneira um tanto espinhosa. E já começa o filme arrastando um rebelde confederado com seu cavalo, o que gera antipatia tanto entre colegas, quanto entre inimigos mantidos prisioneiros no Forte Bravo do título. Entre flechas e tiros, mais um perigo: a chegada de uma mulher, Eleanor Parker. O bruto vira um cavalheiro na presença da lady. Mas nenhuma lady é tão legal assim. Ela é uma espiã texana a serviço de Dixie, com a incumbência de libertar alguns dos confederados durante um casamento. Consegue, claro. Mulheres assim conseguem tudo. E foge junto com eles, um deles seu antigo noivo. Holden parte para caçá-los. Mas atrás de quem ele está? Dos soldados? Ou de Eleanor Parker? Captura-os e, no caminho de volta para Forte Bravo, são encurralados pelos mescaleros, que não vão sair dali enquanto não aniquilarem todos, num cerco impiedoso, onde demonstram grande habilidade para a arte da emboscada.

Os filmes de Sturges são sempre melhores nos tiroteios, na ação, no espetáculo. Seu cinema é o cinema do deslocamento e da tensão causada pela espera, como na seqüência final do ataque e toda a estratégia bem delineada dos peles-vermelhas. Neste momento, o filme garante maior interesse, unindo opostos pela sobrevivência e encarregando-se de manter a química entre Holden e Eleanor Parker, elemento feminino que, da mesma forma que nos filmes de Howard Hawks, entra para causar instabilidade num universo macho. Não à toa, o equilíbrio só se restabelece quando Eleanor Parker aparece ao final trajando roupas de caubói. E que belo caubói é essa Eleanor Parker, eu não me canso de repetir.

2 comentários:

Ailton Monteiro disse...

Parece delicioso esse western, hein.

Lorde David disse...

Seria mais se Sturges fosse um diretor mais chegado no humor, como Hawks e Ford. Mas é bom, sim.