
Um velho sábio, outro nem tanto. Um acumulou fortuna e inimizades (o diabólico Jack Nicholson). O outro (o sempre sábio Morgan Freeman) acumulou sonhos que foi sendo obrigado a deixar para trás ao longo da vida, para cuidar da família e dos filhos. Em comum, ambos sofrem de câncer terminal e, por isso, dividem o mesmo quarto no hospital de política igualitária do filantrópico e solitário milionário. Apesar das diferenças, viram amigos e, juntos, decidem realizar seus últimos sonhos em comum, às expensas do milionário, obviamente, antes de baterem as botas. O que inclui, na lista que elaboram, rir até chorar, conhecer as pirâmides do Egito, o Taj Mahal e as muralhas da China, pilotar carros vintage em alta velocidade numa pista de corrida, pular de pára-quedas, fazer um safári na África, essas coisas. Um safári onde não se atire nos bichinhos, está claro. Afinal, os tempos mudaram e Jack Nicholson sempre foi um liberal, apesar da aparência demoníaca. E, com tanto a fazer em tão pouco tempo, Morgan Freeman ainda prefere ficar no quarto de hotel em Hong Kong vendo Jeopardy na TV ou até voltar logo para a família, vejam só.
Mesmo com um tom predominante mais melancólico, obviamente por causa do tema, filme que diverte, instrui e deixa-se ver graças ao formidável carisma da dupla, apesar da direção pouco criativa de Rob Reiner (de clássicos como A Princesa Prometida, This is Spinal Tap, Harry e Sally), de algumas costumeiras piadas sobre a velhice e da sempre solene e sábia narração de Morgan Freeman pontuando o filme. E a imagem final, no Everest, é até bastante bonita e vale o percurso.