terça-feira, fevereiro 12, 2008

Cloverfield – Monstro

(Cloverfield, EUA, 2008)



A tremedeira de uma Nova Iorque atacada por uma gigantesca criatura de origem desconhecida vista pela inevitável e desorientadora tremedeira de uma câmera que acompanha quatro sobreviventes pelas entranhas da cidade, que, tomada por militares que tentam enfrentar o monstro, desmorona a cada quarteirão. Antes, uma festa de despedida no apartamento de Rob Hawkins (Michael Stahl-David), que partiria para um novo emprego no Japão, terra de monstros como Godzilla. Durante a festa, seus amigos, pessoas bastante “articuladas” entre 20 e 30 anos, gravam “memoráveis” depoimentos de despedida para a câmera de Hud (T.J. Miller), que será o incessante e obsessivo videomaker de toda a festa e depois da catástrofe. E então segue o ataque, visto de longe, do ponto de vista das pessoas em pânico nas ruas, com apenas um ou outro detalhe do monstro, que se esquiva no meio dos prédios que põe abaixo, aparecendo. Bastante realismo na destruição, vislumbrada a distância pelo único e limitado ponto de vista da câmera amadora de Hud, em imagens tremidas, nauseantes, impressionantes, que remetem em seu aspecto propositalmente bruto e urgente à assombrosa destruição do 11 de Setembro e cujo conjunto compõe no final uma arqueologia desse caos todo. Câmera com suas imagens que é resgatada dos escombros logo no começo pelos soldados e, como em Holocausto Canibal (1979) e A Bruxa de Blair (1999), o que se vê na tela é uma história contada em retrospecto, reafirmando assim o registro obsessivo de um olhar como outro qualquer que nunca se desvia da destruição plena. Por isso, a câmera de Hud, na ânsia de captar tudo, nunca cessa de filmar, mesmo correndo, tropeçando, sendo atacado por monstrinhos no mais completo breu ou cara a cara com o monstro do idiota título nacional, que, por sinal, tem um visual muito bacana.

4 comentários:

Alex Gonçalves disse...

Sobre “Onde Os Fracos Não Têm Vez”: as minhas queixas com “Juno” são os poucos momentos que o diretor reservou para a dupla Page e Cera. As cenas com a dupla é encantadores, mas é lamentável que sejam mínimos. Vejo “Sangue Negro”, “Onde Os Fracos...”, “Conduta de Risco” e “Desejo e Reparação” ao longo desta semana.

Sobre "Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet": esqueci de observar este detalhe de acordo com alguns filmes anteriores orquestrados por Burton, um diretor que realmente já mostrava pretensão de um dia desenvolver um musical de corpo e alma. Espera-se que tenha conquistado o feito.

Sobre “Cloverfield – Monstro”: já notei, através de alguns amigos virtuais, de que o filme tem abalado diversos espectadores brasileiros, onde existe a saída de uma dezena de espectadores a cada horário programado para exibição na tela grande. Ocasionando a metade do impacto que “A Bruxa de Blair” foi capaz de proporcionar, “Cloverfield – Monstro” já merece uma curiosa conferida.

Lorde David disse...

Acho que em Sweeney Burton atingiu seu feito de maneira magistral, Alex. Quanto a Juno, os melhores momentos são mesmo quando os dois estão juntos. Já Cloverfield, a tremedeira da câmera não me deixou com náuseas, e o diretor e, principalmente, seu produtor, foram espertos em filmar a tragédia a distãncia, conseguindo envolver o espectador e fazer referência ao momento atual pós-atentados. E espero que você consiga mesmo ver todos os filmes indicados, especialmente No Country... e Sangue Negro, sem dúvida, os dois melhores da lista. Um abraço.

Anónimo disse...

Também achei CLOVERFIELD muito legal. David, assino embaixo o seu comentário aqui sobre a câmera.

Lorde David disse...

Realmente, Osvaldo, a cãmera tremida é um elemento essencial para se destacar esse lado mais realista do filme. E, junto com O Hospedeiro, ainda renova o bom e velho filme de monstro. Um abraço.