(3:10 to Yuma, EUA, 2007)
Não um western apocalíptico ou modernizado, como Onde os Fracos Não Têm Vez. Também não um western crepuscular, que melancolicamente lamenta o fim do gênero e de seus mitos, como O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford. Apenas um western tradicional. E dos bons. Primeiro, porque é uma refilmagem (com algumas modificações na estória, originalmente escrita por Elmore Leonard) de um belo clássico de Delmer Daves, Galante e Sanguinário (1957), sem ser excessivamente reverente ao original, um cruzamento, carregando ainda mais na ambigüidade moral de seu renegado protagonista, de Matar ou Morrer (1952), de Fred Zinnemann, com O Preço de um Homem (1953), de Anthony Mann. Depois, porque o diretor dessa nova empreitada, o versátil James Mangold (Johnny e June, Identidade, Copland), capricha nas cenas de ação, nos tiroteios, como se calcados dos westerns que se faziam nos anos 50, e, principalmente, nos embates verbais entre seus dois antagonistas, os tais “indomáveis” do genérico título nacional, muito bem interpretados por Christian Bale e, sobretudo, pelo excelente Russell Crowe. Estão aqui também presentes as cavalgadas diante do Monument Valley e o assalto à diligência cheia de dinheiro que cruza as áridas pradarias do deserto. Assalto praticado pelo bando liderado pelo fora-da-lei Ben Wade (Crowe) e testemunhado por um honesto criador de gados, Dan Evans (Bale) e seus filhos. Mais tarde, quando o bando se separa, Wade, como sedutor compulsivo que é, é capturado num daqueles momentos de “fraqueza da carne”. Endividado, malvisto pela mulher (Gretchen Mol) e pelo filho mais velho (Logan Lerman) e correndo o risco de perder a propriedade, o pobre rancheiro, que teve uma perna amputada quando soldado da União durante a guerra civil, propõe participar com um pequeno grupo da arriscada missão de escoltar o prisioneiro até a cidade mais próxima, onde o trem no horário do título original o levará à prisão de Yuma. Tarefa dificultada pela incessante perseguição dos comparsas de Wade, agora liderados pelo psicótico Charlie Prince (Ben Foster), alguns índios apaches, outros tantos milicianos rudes e brutais no meio do caminho, além da astúcia verbal do sempre sedutor, mas violento Wade, lembrando o Robert Ryan, de O Preço de um Homem, tentando convencer Dan e os outros a soltá-lo ou dando sempre um jeito de manipular todo o mundo, antes de atirar com a sua exímia pontaria. Pleno de tiroteios, como no confronto final em Contention, onde enfrentam uma cidade inteira, e diálogos afiados, um filme que honra e celebra o gênero, levado pela memorável trilha sonora de Marco Beltrami, com motivos similares à banda sonora de um antigo bang-bang, e pela segura direção de Mangold, além do ótimo elenco.
4 comentários:
Gostei muito, mas confesso que na revisão que fiz o filme deu uma sra. caída... principalmente no desfecho que fiquei sem compreender o porque daquela reação do personagem do Russell Crowe. Mas continua sendo um bom filme.
Revi ontem, também deu uma leve caída, sobretudo em relação à agilidade de Bale saltando mesmo manco nos telhados. Quanto à atitude do Crowe, no original de Daves, saiba que a mudança de Glenn Ford como Wade é ainda mais inexplicável. Ainda assim, dois ótimos trabalhos.
Um filme aplicado! Este é um adjetivo que acho que explica e elogia bem "Os Indomáveis".
Bem aplicado, André. :)
Aplicado, repito, nos moldes seguros de Delmer Daves, um grande artesão que sabia embalar num ritmo constante as suas narrativas. Basta ver A Fúria de Um Bravo, uma história romântica, convencional a principio, mas que se transfigura num macho movie e numa aventura de fuga da Cortina de Ferro.
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