quarta-feira, setembro 26, 2007

Hairspray - Em Busca da Fama

(Hairspray, EUA, 2007)



Travolta, o astro de Nos Tempos da Brilhantina direto para os tempos do laquê ou do “Hairspray” nesta mais do que boa adaptação do musical da Broadway, que por sua vez, trilhando o mesmo caminho de Os Produtores, era uma derivação de um filme mais “certinho” do rei do mau-gosto dos anos 70, o inigualável John Waters (do ultrajante Pink Flamingos, Polyester e que aqui faz uma pontinha como um típico tarado exibicionista, logo no começo). Ao contrário das pálidas versões recentes para o cinema de outros espetáculos musicais contemporâneos (como os chochos e muito afetados Rent, em que todo mundo tinha Aids, Evita, O Fantasma da Ópera, Os Produtores, Dreamgirls...), este filme de Adam Shankman, evitando o escracho rasgado, consegue transpor para as telonas toda a vibração e energia dos palcos, proporcionadas principalmente pelas ótimas canções e pelas coreografias muito bem executadas, a cargo do próprio Shankman, ele mesmo um coreógrafo, na estória de uma animada gordinha adolescente de Baltimore, Tracy (Nikki Blonsky, que trabalhava numa sorveteria), que sonha em ser a estrela de TV do dançante programa local, The Corny Collins Show (“O Show Cafona de Collins”, vivido e apresentado por James Marsden). Sua mãe (o travestido John Travolta, no papel que foi do célebre travesti Divine no filme de Waters) é contra, até vê-la finalmente na TV, dançando como ninguém no programa de Collins, rompendo finalmente os padrões vigentes de beleza e estética e despertando, claro, a fúria da racista gerente da estação e ex-Miss Baltimore, Velma Von Tussle (a muito loira e ainda muito bela Michelle Pfeiffer), e de sua filha, Amber (Brittany Snow), até então a esbelta estrela do show e vencedora de todos os concursos de dança da rede de TV. Tracy também conquista para si as piscadelas do galã do programa, o então namoradinho de Amber Link Larkin (Zac Efron, de High School Musical). Como retaliação, Velma consegue cancelar o único dia do mês dedicado às danças e músicas negras, apresentado por Motormouth Maybell (Queen Latifah), além de fazer de tudo para boicotar Tracy, especialmente quando ela se envolve numa passeata na segregada Baltimore dos anos 60 em apoio aos negros, para quem ela deve muito do ritmo de suas dancinhas. Com a ajuda do pai liberal (Christopher Walken, divertido) e da cada vez mais dedicada mãe, dará um jeito de comparecer no estúdio de televisão para a final do concurso da Rainha do Hairspray e derrubar de vez as diferenças culturais, raciais, afetivas e estéticas, no triunfante gran finale, onde todos cantarão e dançarão ao som da sensacional "You Can’t Stop the Beat". Inclusive o muito à vontade Travolta, que faz um ótimo “par” romântico com Christopher Walken. Menos Pfeiffer, claro. Mas quem odeia musicais, quem odiou Chicago, por exemplo, mas cujo estilo minimalista brechtiano nada tem a ver com este colorido “Laquê” animado, ou prefere curtir samba ou sertanejo “de raízes” ou rock indie ou moda de viola das “nossas vastas solidões”, aviso: melhor passar longe, longe do filme, ou nem ler este texto (já leu mesmo, hahaha), pois em suas agitadas duas horas de duração todo o ótimo elenco nada mais faz do que cantar e chacoalhar os quadris ao som de um inspirado Rhythm and Blues e variações na querida e cafona Baltimore de Waters, onde os tipos provincianos fora do comum sempre prevalecerão.

E, especialmente para a Camila, o chacoalhante Gran Finale no ritmo de "You Can't Stop the Beat":
http://www.youtube.com/watch?v=9HtvO4-Y-x0

3 comentários:

Anónimo disse...

Aaaaaah, eu AMEI AMEI esse filme, vou ver pela segunda vez, inclusive. Achei as músicas, danças, atuações, tudo muito legal. Quero a trilha sonora, o DVD, o pôster e a camiseta, hahahahaha! E assim, eu ouço MPB e indie rock, mas amo R&B tb, então talvez o problema esteja mais em quem gosta ou não de musicais, que não é um gênero que agrade a todos. E obrigada pela dedicatória!!!

Lorde David disse...

Obrigado pela visita, Camila. Quanto aos gostos, eu dou meio umas alfinetadas sempre exagerando, hehehe, mas sei que nada impede uma pessoa de gostar de um ou de outro gênero ou estilo musical ao mesmo tempo, e também de ver um musical. O que me irrita mesmo são as panelinhas, tipo uma tchurma que só curte emo, outra só MPB, outra só rock indie, as panelinhas em geral, und so weiter. Quanto ao filme, também o vi duas vezes, já comprei a trilha, danço em casa escondido e tudo, fico procurando clipes no YouTube, vou comprar o DVD pirata, depois o original, hahahaha. Menos a camiseta, que é rosa e eu sou mucho macho, hahaha. E com certeza vou me candidatar, assim que surgir a oportunidade, a uma vaga para viver a adorável mãe da Tracy na versão brasileira, que deve se chamar "Nos Tempos do Laquê", hahaha. Só não conta para ninguém, hehehe. Um beijo a apareça sempre.

Anónimo disse...

Olá, queridão.
Assisti ao filme e curti até. Saí do cinema mexendo os pezinhos e cantarolando!! Muito bom!! Beijos.