segunda-feira, setembro 24, 2007

Proustiano

Quando penso em Santiago, o requintado mordomo da família Salles que colecionava dinastias de "eras sobre eras" de antanho, vendo ou revivendo nelas um pouco ou muito também do seu passado, penso também em célebre frase de Proust, nas linhas finais de Em Busca do Tempo Perdido, que diz que os homens são "como seres gigantes mergulhados nos anos e tocam eles, simultaneamente, aqueles períodos de suas vidas separados por tantos dias – tão distanciados no Tempo". O Tempo, sempre ele, implacável. O Tempo, que você mata ou desperdiça se ocupando em pensamentos e na rotina dos tempos mortos do cotidiano com pessoas que nada têm a ver com você, é o mesmo Tempo que lhe enterrará um dia. E não há nada que se possa fazer a respeito. Nada. Entre o tic-tac das horas, a angústia, a indiferença. Tic-tac, tic-tac. O Tempo, o Tempo...

Sem comentários: