(Come Early Morning, EUA, 2006)
A personagem da empreiteira provinciana, e um tanto casca grossa, (bem) interpretada por Ashley Judd, é uma vítima das desavenças de sua família de temperamento inconstante e, sobretudo, de si mesma, ao viver uma rotina de passar uma noite apenas com um sujeito diferente que encontra a cada noitada de sinuca, quadrilha e bebedeira nos bares de uma triste cidadezinha no interior do Arkansas. Uma noite, porém, depois de uma briga, conhece um bom sujeito, bom até demais, e as coisas parecem mudar. Aliás, os personagens masculinos são quase sempre inacreditavelmente simpáticos aqui, com uma ou outra exceção. No entanto, para ela que nunca gostou de compromissos, old habits really die hard.
Filme tristonho, tipo “independente” de espírito Sundance como tantos outros filmes passados no meio rural americano, infuso numa atmosfera melancólica que lembra muito a das películas dinamarquesas, e com um elenco de rostos conhecidos (Diane Ladd, Tim Blake Nelson, Stacy Keach) que garante certo interesse, nesta produção dirigida com modéstia, lentidão, mas com algum empenho pela atriz Joey Laurey Adams (Procura-se Amy), como demonstram as cenas da visita-surpresa de Ashley ao pai durante a noite, velho músico que se comunica essencialmente com a sua guitarra, e o melancólico plano final na varanda ao som de country music. Pois, no fim das contas, apesar de tudo e todos, sobretudo por causa de todos, está-se a só, a contemplar o pôr-do-sol na varanda, voltando para o mesmo ponto de partida, sem ter aprendido muita coisa, conformando-se aos velhos hábitos. E para as mulheres solitárias de trinta e poucos anos isso é ainda mais desesperador. Tadinhas!
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