(I Am Legend, EUA, 2007)
Will Smith, aqui como o cientista e militar Robert Neville, vivencia os males modernos da solidão urbana numa grande metrópole após um vírus, originalmente criado pela ciência para erradicar o câncer, ter dizimado mais de 90% da população mundial. Imune à infecção, a última esperança da Terra vive solitária num grande e bem equipado apartamento-laboratório em Manhattan na companhia apenas da cadela Sam e, durante o dia, tenta manter a sanidade recolhendo os despojos da civilização em ruas tomadas por mato, carros abandonados, prédios esvaziados e animais selvagens a solta. À noite, tranca-se em casa para se proteger do que sobrou do restante da humanidade: aberrações ferozes que habitam as trevas e se alimentam de sangue e restos humanos. Também não abandona as pesquisas em busca de uma cura para o vírus. E diariamente transmite mensagens de rádio na esperança de ir ao encontro de algum sobrevivente não-infectado. Numa atmosfera inicial de abandono que lembra bastante Extermínio (2003), de Danny Boyle, esta terceira adaptação do livro homônimo de Richard Matheson (a primeira, Mortos que Matam, de 64, com Vincent Price, seguido de The Omega Man - A Última Esperança da Terra, de 71, com Charlton Heston) caminha muito bem até o aparecimento das criaturas, pecando em soluções visuais manjadíssimas e na falta de suspense no ataque em massa dos vampiros-zumbis, quando o limitado, mas que ser quer estiloso diretor publicitário Francis Lawrence (de Constantine, 2004) põe quase tudo a perder ao apelar para sustos previsíveis e explosões genéricas, além de um desfecho banal e precipitado a cargo da “crente” brasileira interpretada por Alice Braga, como outra sobrevivente que finalmente responde ao chamado de Neville. Diz o diretor que ele rodou um final alternativo e mais fiel à obra de Matheson. Mesmo assim e antes do enfrentamento gore plastificado, Will Smith, melhor e mais contido quando está na companhia de cães, cobaias e manequins de videolocadoras que quando apela para as suas totalmente deslocadas gracinhas no momento em que se vê diante de outros sobreviventes ao explicar sobre Bob Marley, por exemplo, carrega até que bem boa parte do filme, e os "rohmerianos" planos iniciais da Times Square, do prédio das Nações Unidas, do porto de Nova Iorque e da Washington Square desolados e esvaziados das costumeiras multidões, lembrando um pouco do clima da cidade logo após o 11 de setembro, são bastante interessantes de se ver.
6 comentários:
Não bastasse viver sozinho em meio a milhares de mutantes carnívoros e ter o seu cachorro morto, a primeira pessoa normal que o Will Smith encontra é uma evangélica brasileira que nunca ouviu falar do Bob Marley. Ê laia ...
Estou baixando os dois primeiros filmes e procurando o livro pra ler. Tenho medo de me desiludir (mais) com este filme...
Eu prefiro a versão de 71, mas gostei do primeiro terço desta mais nova. E também quero ler o livro. Um abraço.
E, Leandro, acho que ela nunca tinha ouvido falar de Bob Marley porque devia ser coisa do demônio na igreja dela, hehehe. É o fim do mundo. E literalmente.
Alice evangélica?? Porra, quer dizer q não teremos peitões dela no filme... :OP
Se já não mostrava nada em Via Láctea, que era filme nacional, onde "só tem mulé pelada", por que mostraria neste, um filme americano em que as mulheres só transam de sutiã? Duro é ter agüentar o Will Smith sem camisa e todo besuntado na barra de exercícios, uma cena totalmente dispensável, que só serve ao ego gigantesco do ator.
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