(La Vida Secreta de las Palabras/The Secret Life of the Words, Espanha, 2005)
Duas pessoas feridas. Ele (Tim Robbins), num acidente numa plataforma de petróleo, que o deixou com queimaduras e cego. Ela (Sarah Polley), deficiente auditiva, enfermeira do Leste Europeu, que trabalha como operária no Reino Unido e que evita falar sobre o passado. Solitária, evita falar na verdade com quer que seja. Durante as férias que é obrigada a tirar, ela arruma trabalho como enfermeira dele em pleno Mar do Norte, na plataforma. Aos poucos, os dois se aproximarão. Ele fala muito. E ela falará também. As palavras secretas do título virão à tona, trazendo o passado, dele e dela, dela, sobretudo, de volta. E junto com ele as feridas ainda não cicatrizadas da guerra e suas infelicidades impressas no corpo. Aí o filme, de atmosfera melancólica, concentrada, quase silencioso, perde parte de seu mistério, de suas ambigüidades, para virar um relato duro e direto das atrocidades da guerra. Intenso, no entanto, pois Robbins e Polley têm uma sintonia fantástica, construída aos poucos, evitando que o filme de Isabel Coixet (Minha Vida Sem Mim, 2003) derrape no sentimentalismo travestido de denúncia típica de ONG, como atesta a desnecessária participação da personagem de Julie Christie no terço final da narrativa.
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