terça-feira, maio 01, 2007

Na Cama

(En La Cama, Chile/Alemanha, 2005)



Esqueçam Nove Canções (2004), de Michael Winterbottom, e sua pornografia explícita e estéril. Ou o pornô cabeça à francesa de Intimidade (2001), de Patrice Chéreau.

Aqui, sem canções ou discussões filosóficas, apenas gemidos numa noite transcorrida em um único ambiente. No caso, um quarto de motel onde um casal (Blanca Lewin e Gonzalo Valenzuela) transa intensamente desde os primeiros minutos deste filme do diretor chileno Matías Bize. Entre quatro paredes, sobre os lençóis ou sem edredom algum, transam e conversam. Transam de novo. Para depois continuar a conversa. Na cama, na banheira, plantando bananeira no chão ou duelando numa guerra de almofadas e travesseiros. Porém, pouco sabem um do outro. Nem os nomes a princípio, pois se conheceram numa festa e de lá foram para o motel. As conversas giram em torno de filmes, frivolidades, relacionamentos, família. Nem tudo, no entanto, é dito diretamente. E a intimidade surge nesses momentos de conversa com os olhares desviados ou de silêncios entre os dois, quando às escondidas reviram pertences um do outro ou dizem o que não tencionavam dizer, e não somente durante as cenas de sexo, que, mesmo assim, são intensas, calorosas e exploram muito bem os detalhes dos corpos de ambos, quase sempre na horizontal, em planos fechados, com a câmera situada no baixo ventre, subindo para close-ups dos rostos angustiados dos dois. Sempre erótico, nunca explícito ou claustrofóbico, revela também que o desejo projeta-se para além do limite dos corpos desnudos. Encontra-se num lugar entre o não-dito e o não-mostrado, sempre, num filme em que o tom predominante é melancólico, o final, incerto, silencioso, sem idealismos românticos, e que funciona em sua economia graças, sobretudo, ao bom desempenho (não só na cama) do belo casal protagonista. Já o amor... Bem, o amor é bem mais complicado. Ainda mais neste mundo atual de incertezas afetivas e insegurança emocional.

2 comentários:

Alê Marucci disse...

Ah, que bom que você foi ver esse filme!
Os protagonistas são lindos, o sexo é excitante e a conversa empolga e enternece.
Não é demais a teoria dos conjuntos do cinema que o protagonista elabora?
Beijo.

Lorde David disse...

Sim, é muito boa a teoria dos conjuntos. Até sei em qual conjunto me encaixo: naquele onde estão os mais problemáticos, hehehe. De qualquer forma, foi difícil me concentrar no papo em momentos da conversa em que o belo par de seios de Blanca Lewin estava à mostra. Ah, que conversa mesmo? Hehehe. Um beijo e bom tê-la por aqui, milady.