segunda-feira, maio 14, 2007

Batismo de Sangue

(Brasil, 2006)



Numa cena emblemática, frades dominicanos que decidem apoiar a luta armada são conduzidos às escuras ao esconderijo ou “aparelho” dos guerrilheiros, durante o pior período da ditadura militar brasileira, no final dos anos 60. Lá recebem as instruções do líder da ALN – Ação Libertadora Nacional, Carlos Marighella, bem como os panfletos subversivos de sua autoria. Marighella se retira e então os frades passam a ler entre eles, e somente entre eles, o que está escrito nos livros, como se a partir daí o peso todo da luta caísse sobre eles. E sem contato ou apoio popular. Quando os militares estouram o Congresso da UNE em Ibiúna, os frades que ajudaram a organizá-lo, entre eles Frei Beto e Frei Tito, são presos. Tem início o calvário, especialmente de Frei Tito, preso e torturado sob os “cuidados” do famigerado delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOI-CODI, até seu exílio em Paris, onde perseguido pelas lembranças dos horrores dos eletrochoques e do pau-de-arara cometerá suicídio, em cena que abre e fecha o filme. Um bom trabalho de Helvécio Ratton, injustamente criticado, com ótima recriação do período, excelentes atores, com destaque para a comovente e humanista atuação de Caio Blat como Tito, apesar de alguns diálogos sentenciosos ou que se mostram excessivamente didáticos. No entanto, nada que prejudique a força de algumas seqüências, como a bela cerimônia de eucaristia rezada na prisão, com bolachas e suco instantâneo substituindo a hóstia e o vinho, as cenas das torturas infligidas aos frades, francamente mostradas, mas nunca apelativas ou gratuitas, a emboscada a Marighella ou todo o terço final retratando em tons frios o enlouquecimento e a solidão de Tito na França.

7 comentários:

Ailton Monteiro disse...

Opa! Que bom que mais alguém gostou do filme.

Lorde David disse...

É, Ailton, já dá para encher um Kombi. Ou uma Besta. O problema é que nessa Besta a gente vai ter que agüentar outra, o Pablo Vilaça, ardoroso defensor do filme, hehehe.

Ailton Monteiro disse...

Hahahaha!

Alê Marucci disse...

Arruma um espacinho pra mim aí na Kombi. ;)
Beijo.

Lorde David disse...

Eu arrumo, sim, Alê. Desde que você fique do meu lado, hehehe. Beijinho e já estou com saudades.

Ailton Monteiro disse...

A Alê pode ficar perto de mim também?? Hehehe..

Alê Marucci disse...

Fico entre vocês. Tá bom assim? Pra mim tá. :)
Beijo.