sexta-feira, maio 04, 2007

Proibido Proibir

(Brasil, 2006)



Juventude da faculdade pública em (des)compasso de espera no Rio dos dias de hoje. Em descompasso entre eles. Sem lenço, sem documento, sem compromisso, sobretudo. A revolução que não veio, nem mais virá. Sobram alguns clichês lingüísticos. Livros, sobretudo Foucault, músicas, sobretudo a MPB, jargões, sobretudo “proibido proibir” e “alienado”, o boteco, sobretudo a cervejinha e o samba, e as drogas, sobretudo a maconha, ameaçam estereotipar o trio de protagonistas. Sobretudo no insistente “ descompromisso” anárquico do médico residente Paulo (sua máxima: “o que importa no mundo é a buceta e a cannabis”), interpretado por Caio Blat, no insistente compromisso social do estudante negro de Ciências Sociais Leon, interpretado por Alexandre Rodrigues, e sobretudo nos trejeitos insistentemente românticos e meigos da estudante de arquitetura que quer conhecer Paris, Letícia, de classe média alta, interpretada por Maria Flor, comprometida com Leon e que será a paixão de Paulo, comprometido ao menos em ajudar uma doente de câncer, Rosalina (Edyr de Castro, excelente), sua única confidente, e em localizar os filhos dela, perseguidos pela polícia, insistentemente. Contudo, quando inevitavelmente as mazelas sociais à brasileira se impõem, o trio se aproxima, se humaniza, e o filme de Jorge Durán ganha contornos dramáticos mais consistentes em seu despojamento naturalista, espontâneo até, aproveitando bem as locações nas praias e subúrbios cariocas. No final, fugindo da polícia, o trio contempla do mirante na serra de Petrópolis o horizonte nublado, sem perspectivas, mas juntos. Juntos, sobretudo.

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