terça-feira, maio 15, 2007

Um Crime de Mestre

(Fracture, EUA, 2007)



Um crime cometido com notável frieza: um engenheiro bem-sucedido (Anthony Hopkins) atira à queima roupa na mulher adúltera (a bela e elegante Embeth Davidtz, de A Lista de Schindler, 1993, e Retratos de Família, 2005). A polícia chega. Ele confessa o crime e assina a confissão, sem qualquer demonstração de culpa. E será seu próprio advogado de defesa, explorando as falhas e fissuras do sistema, como bom engenheiro aeronáutico, acostumado a encontrar as mínimas imperfeições na fuselagem dos aviões que projeta. Porém, para sua sorte (ou nem tanto), a suposta arma do crime não possui vestígios de ter sido disparada. Ou seja, não há arma do crime. E sem a arma não há outra evidência para sustentar o inquérito, de poucas testemunhas, uma delas pouco confiável, como o investigador que prendeu o engenheiro e que mantinha um caso com a mulher dele. Além da própria mulher, internada em estado de coma. Mesmo assim, um jovem e ambicioso assistente (Ryan Gosling) do promotor público (David Strathairn), com alto de índice de condenações, mas em vias de deixar o cargo para trabalhar num escritório de advocacia de prestígio, decide pegar este caso, achando-o moleza, como seu último na promotoria e disposto a condená-lo, nem que tenha que atropelar a ética, pois, se perder, põe em jogo também a sua carreira no futuro (e lucrativo) emprego. Caminhará no fio da navalha, o tempo inteiro, neste thriller de tribunal conduzido sem correria pelo bom Gregory Hoblit (Possuídos, 1998), que até conta com uma esperada reviravolta final, mas que se vale sobretudo do duelo entre Anthony Hopkins e Ryan Gosling, ainda que representem mais tipos que personagens de carne e osso. De Hopkins, não é necessário falar muito. Sem esforço, rouba a cena e tal, sempre atuando bem atrás das grades, com suas piscadelas à Hannibal e ar de falso ingênuo, mas Gosling, seu antípoda, o enfrenta de igual para igual, sem se intimidar. Um duelo de mentes, acima de tudo, num típico filme de tribunal, em que um pequeno detalhe ou deslize acaba decidindo a favor ou contra o réu (ou contra a acusação também), e que mantém o interesse até o final. Portanto, um trabalho quase todo minimalista, elegante, sem arroubos e que, mesmo assim, é envolvente e eficaz.

3 comentários:

Alê Marucci disse...

Achei bonzão esse filme. Ryan Gosling dá um show.
Beijo.

Lorde David disse...

E Hopkins também, milady. Of course! Um beijo.

Anónimo disse...

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