(Je M'Appelle Elisabeth, França, 2006)
Uma pequena estória, quase uma fábula com elementos de terror, mais atmosférico que sobrenatural, sobre o difícil e muitas vezes doloroso processo de crescimento no interior da França logo após a Segunda Guerra Mundial. O mundo, que era pequeno para Betty, de 10 anos, limitado a escola, casa e visitas a um vira-lata no canil, crescerá quando ela encontra no quintal um assustado fugitivo do hospital psiquiátrico adjunto à residência familiar e administrado pelo pai um tanto severo, ao mesmo tempo em que vê a mãe deixar a família e a irmã mais velha partir para estudar fora. Betty, menina de poucos (e traiçoeiros) amigos e pais um tanto ausentes, o manterá escondido numa edícula no quintal, sob os olhos desconfiados da muda empregada. Tudo ficará maior, ela inclusive, mais difícil, mais exigente, sobretudo quando vê que terá que escondê-lo em outro lugar, onde será obrigada a enfrentar seus medos neste pequeno e às vezes poético filme dirigido com delicadeza por Jean-Pierre Améris, sempre atento ao olhar infantil, mas não infantilizado, de Betty, que depois se chamará Elisabeth. Inevitável dizer que boa parte dos encantos do filme reside na interpretação da adorável Alba Gaïa Kraghede Bellugi como Betty, ou melhor, Elisabeth. Curioso ainda o paradoxo mostrado em filmes como este (e também em Anche Libero Va Bene, 2006, e Ponte para a Terabítia, 2007), ao retratar as exigências crescentes do mundo adulto em cima das crianças, cada vez mais precoces, enquanto hoje em dia os adultos fazem questão de se mostrarem mais imaturos, infantilizados e incapazes de encarar seus próprios sentimentos ou dificuldades.
4 comentários:
Não vi ainda. Acabei não conseguindo sair cedo na segunda.
Beijo.
Eu só consegui ver ontem. Achei até que fosse te encontrar por lá, por acaso. Um beijo.
O que eu mais lembro é da cena da Betty saindo à noite com o doido e o cachorro. Bela imagem.
Ë uma bela cena, sim, Ailton. Aliás o filme todo é cheio de belas composições visuais.
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