sexta-feira, dezembro 07, 2007

Monstros de Quatro Olhos

(Four Eyed Monsters, EUA, 2005)



Jovens narcisistas vão para Nova Iorque cheios de aspirações artísticas e com o supremo desejo de encontrar a sua cara-metade. Conquistar a metrópole e também corações e se tornar junto com a tão sonhada amada o temível ou então mais do que desejado “monstro de quatro olhos” do título. Na maioria das vezes, no entanto, acabam virando garçons, garçonetes, vendedores, balconistas e, pior, ficando ainda mais solitários. Almas desencontradas que um dia se encontram pela Internet, como é o caso do videomaker Arin (Arin Crumley), que ganha a vida editando vídeos de casamento, filmando o “amor dos outros monstros de quatro olhos”, embora acalente o sonho de se tornar cineasta. E, claro, de ser amado. Mas, totalmente inseguro e travado para falar com as mulheres, além de paranóico com a possibilidade de adquirir alguma doença sexualmente transmissível, conhece pela rede digital a simpática artista plástica e então garçonete Susan (Susan Buice). Juntos, iniciam um relacionamento inusitado, em que só conversam via chat, e-mail, torpedos, scraps, trocando depoimentos gravados em vídeo ou bilhetinhos, centenas de bilhetinhos o tempo todo. Quase nunca se falam diretamente, cara a cara. Também quase não se tocam. E o filme, escrito e dirigido pela dupla de protagonistas, vai incorporando essas diferentes linguagens a sua estética pós-moderna, feita de cortes rápidos, diferentes cores e texturas, cenas mais lentas, seqüências animadas, seqüências reais, tudo pontuado por depoimentos de pessoas mal-amadas nada fictícias. E o relacionamento se transforma numa espécie de videoinstalação cibernética. Um filme de espírito independente, um retrato simpático, muitas vezes divertido e afetuoso dos amores expressos, à maneira dos filmes de Wong Kar-Wai para a era da Internet e que demonstra, em sua curta duração, a dificuldade de se estabelecer um contato mais tradicional com as pessoas numa era abundante de mensagens eletrônicas e hipertextos, que, no entanto, nem sempre comunicam ou aproximam os indivíduos como muitos acreditam.

Num espírito de guerrilha, o filme foi distribuído de maneira pioneira pela Internet e, para quem se interessar, a sua última versão, de 72 minutos, pode ser vista integralmente no YouTube:

1 comentário:

Oendel disse...

Olá!
Obrigado!
Isso até pode parecer meio estóico, mas muitas vezes bastaria dizer isso, porém, desta vez irei um pouco alé.
Adicionei faz uns dias, sei lá por que motivo, seu blog entre meus favoritos, que diga-se está uma bagunça. E hoje passeei por esta bagunça e entre tantos desorganizados favoritos, sei lá também por que, abri seu endereço e li rezenhas de filmes, e acabei parando neste post. já forneci meus dados por achar justo o que o pessoal do filme está fazendo e também por ser um entusiasta de cinema.
Olá,
e obrigado, por me ajudar a lembrar que pequenas coincidências, às vezes, podem mudar a vida da gente.