quarta-feira, dezembro 05, 2007

A Coragem de Amar

(Le Courage D’Aimer, França, 2005)



Os Amores Parisienses de Claude Lelouch. Ou seja, assumidamente cafona do início ao fim, com alguns toques “esotéricos” e cenários e figurinos novamente remetendo àquele jeitão de novelinha das oito, padrão "Globo" de qualidade. E, ao contrário do filme de Alain Resnais, elegantemente conduzido por canções tradicionais que pontuam a trama, aqui bregas canções românticas, com forte sotaque italianado, invadem sem pudor a trama deste filme coral, em que várias estórias se entrecruzam versando sobre casais em constante desacerto amoroso, pra variar. Uma delas, e a mais emblemática, trata de um cantor italiano que se apresentava nas ruas e bares de Paris com uma jovem e promissora cantante, antes praticante de furtos em butiques, e que um dia é descoberta, levada ao mainstream, abandonando o seu mentor e companheiro, deixando-o desolado. Até que este conhece uma garçonete e os dois partem para a Itália, onde ele refaz a sua carreira, vida amorosa e passa a ter mais sucesso e prestígio que sua antiga companheira. Essa garçonete tem uma irmã gêmea idêntica que trabalha num castelo recém-comprado por um milionário empresário do ramo de pizzarias. O milionário "adquire" não só o castelo, mas também sua antiga proprietária, uma atriz, casando-se com ela e convivendo com suas constantes infidelidades, dentro e fora do palco, quando Lelouch arrisca alguns exercícios de metalinguagem até que interessantes, especialmente ao assumir o papel de um diretor obsessivo que filma a estória dos dois cantores, obrigando-os a cada dia a reviver o seu doloroso relacionamento, agora para ciúmes da ex-garçonete esposa do cantor. Mas o que prevalece mesmo no final das contas são aquelas canções que insistem em invadir a(s) estória(s) e grudar na cabeça do espectador. Parece que, para alguns franceses, amar e ser amado é sempre um saco ou algo eivado de breguice, embora as possibilidades para isso estejam ao alcance de qualquer um, fruto do simples acaso, em cada esquina de Paris ou às margens do rio Sena ou na saída de alguma estação de metrô ou até mesmo em algum luxuoso castelo à venda nas proximidades. Tá bom...

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