sexta-feira, novembro 30, 2007

O Reino

(The Kingdom, EUA, 2007)



Nos primeiros minutos, uma sintética, dinâmica e muito didática animação detalha as relações de interdependência entre os EUA e a Arábia Saudita desde os anos 30, com a descoberta de petróleo no país árabe e sua subseqüente exploração por companhias americanas, que criaram no país núcleos residenciais à parte da sociedade saudita, verdadeiros subúrbios tipicamente yankees, com a finalidade de abrigar os trabalhadores das empresas americanas e seus familiares, até os atentados de 11 de setembro, perpetrados por fundamentalistas, sauditas em sua maioria como o seu mentor, Osama Bin Laden. Depois, nos dias atuais, num desses núcleos na capital Riad, um atentado suicida deixa mais de 100 mortos e duas centenas de feridos. Entre as vítimas fatais, um agente do FBI, Francis Manner (Kyle Chandler), cuja morte deixa o Bureau e, principalmente, o seu amigo, o também agente Ronald Fleury (Jammie Foxx), profundamente abalados. Apesar de impedido pela burocracia, Fleury arruma um jeito de se deslocar para o reino saudita com uma equipe que inclui a médica legista Janet Mayes (Jennifer Garner), esposa do agente assassinado, e os agentes especiais Grant Sykes (Chris Cooper) e Adam Leavitt (Jason Bateman, muito mal-aproveitado). No entanto, o trabalho dos americanos é dificultado ao máximo pela polícia, pelo pouco tempo de que dispõem para permanecer na cena do crime e pelos costumes locais. Apesar do realismo dessas seqüências e da ambientação precisa, tudo é pretexto para o movimentado terceiro ato, movido a uma saraivada de tiros e com as explosões de sempre, em que os agentes agora viram o alvo preferencial dos terroristas, deixando de lado o subtexto que se insinuava crítico à intervenção americana do começo, partindo finalmente para as cenas de ação bruta e eficiente, onde o diretor e ator Peter Berg imita descaradamente muito do estilo dos filmes de Jason Bourne e do produtor Michael Mann. O problema é que aí a valentia do mala do Jamie Foxx prevalece mais do que o necessário. Há ainda, na coda, um sussurrado discurso moral que tenta restabelecer criticamente a igualdade entre os atos dos terroristas e os dos agentes americanos e a inutilidade de atitudes mais ponderadas, mero pretexto para retaliações manu militari de ambos os lados, mas que no fundo é também mais um pretexto para deixar a porta aberta para uma (improvável) continuação.

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