(The Heartbreak Kid, EUA, 2007)
No episódio 1 da primeira temporada da série britânica Extras, Ben Stiller, fazendo o papel de si mesmo como o improvável diretor de um drama sério, seriíssimo, sobre a guerra na Bósnia, gabava-se para o pobre do Ricky Gervais, um simples figurante no set, sobre o quanto seus filmes rendiam bem nas bilheterias, atestando a sua imensa popularidade e pretensa superioridade e arrogância diante de todos os meros mortais. Ao menos desta vez, no entanto, Ricky poderia dar o troco em Stiller, já que este mais recente trabalho dos irmãos Farrelly estrelado por Stiller, quase dez anos depois de trabalharem juntos em Quem Vai Ficar com Mary? (1998), foi um tremendo fracasso nas bilheterias americanas. E não sem razão. Aqui, nesta refilmagem de Corações em Alta (1972), Stiller faz Eddie Cantrow, um sujeito quarentão que não consegue se comprometer com o sexo oposto, por inúmeras implicâncias e idiossincrasias, enquanto vê amigos e ex-namoradas se casarem. Um dia, pressionado, sobretudo pelo pai (Jerry Stiller), ele reage sem pensar duas vezes: casa-se com Lila (a bela sueca Malin Akerman), semanas depois de socorrê-la num assalto e que lhe parecia a mulher ideal, pela química que rola depois do incidente. Mas é na lua-de-mel num resort no México que ele passa a conhecê-la melhor e descobre que Lila não tem nada a ver com ele. E passa a implicar com todos os defeitos dela, exacerbados à maneira grosseira e irreverente dos irmãos Farrelly. Apesar de toda lindona e loira, Lila tem desvio de septo, o que faz escorrer pelo nariz tudo o que ingere, cantarola sem parar, não ganha nada em seu trabalho, além de ser selvagem e bruta na cama, o que não acho que seja tão mal assim, hehehe.
Um filme que começa bem, com muito do humor de banheiro e sujeitos pra lá de bizarros, lembrando os bons tempos de Débi e Lóide (1994) e Quem Vai Ficar com Mary?. No entanto, sem os mesmos tipos mais simpáticos de Ligado em Você (2003, sim, eu gosto desse filme, hehehe) ou Amor em Jogo (2005), cede a uma misoginia intolerável por parte do personagem de Ben Stiller, especialmente quando este se interessa por outra e bem mais adorável hóspede do hotel (Michelle Monaghan) e passa a desprezar ainda mais a mulher, mesmo quando ela é capaz de demonstrações de afeto. E vai perdendo o gás em situações mal-amarradas e piadas repetitivas, com muitos elementos cômicos já vistos em outros filmes dos Farrelly, como os cantores mexicanos que aparecem para o casal nos momentos mais inconvenientes (tais quais os cantores chatos de Quem Vai Ficar com Mary?) ou piadinhas/pegadinhas do tipo “I got you!” (presentes em todos os filmes dos irmãos), mas aqui sem a mesma graça ou timing, e, aos poucos, o Eddie de Stiller vai se mostrando o que é de fato: um tipo mentiroso, covarde e cafajeste, algo confirmado na cena final. É muito difícil ter simpatia por alguém assim. Lamentável.
3 comentários:
Oi David!!!
Vi seu comentário só hoje...sorry não ter respondido antes...mas gostei muito do seu blog....
adoro blogs que falam sobre cinema, séries, enfim...vou adicionar o seu, é sempre atualizado, o que é ótimo !!
Valeu pela visita...
Bjsssss....
Parece q eu fui um dos poucos a gostar do filme. Principalmente na segunda parte, com a chegada da Michele Monaghan.
Obrigado, Tula. Vou adicionar o seu também. Apareça sempre. Um beijo.
Ailton, no começo, achei que estava mesmo diante de um legítimo Farrelly Brothers Movie. Depois, fui ficando aborrecido, especialmente com Stiller. E o filme fica bem chocho mesmo depois de uma hora.
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